Sempre fui uma rapariga organizada. Gosto de ter tudo planeado. Sinto uma necessidade enorme de saber sempre o que vou fazer a seguir, como que, ter o 'controlo' das coisas. Neste momento, não sei o que fazer a seguir. E isso preocupa-me. Muito.
Não me arrependi (ainda) da decisão que tomei. Como digo, a situação está a ter impacto porque eu optei por ir estudar para o estrangeiro, caso contrário, ninguém fazia alarido em relação ao assunto. Eu desisti da universidade, só isso. O resto, foi tudo uma consequência.
Se gosto de Viseu? É claro que gosto! Se quero estar perto da minha família? Claro que quero! Mas estamos no interior, e é tudo tão 'parado'. Não acontece nada, não há oportunidades, não há pessoas novas. Adoro viajar, conhecer novos sítios, ter novas experiências. (In)felizmente, Viseu não me pode dar isso.
E, ou muito me engano ou em breve, Londres será novamente a minha casa.
Hoje, escrevo-vos de minha casa, do meu humilde lar. Voltei para Portugal.
A decisão de voltar foi ponderada, ainda que pareça que não. Percebi que, ser universitária, não é para mim. Não é o que eu quero. E, antes que chegasse a um ponto mais avançado, decidi desistir. Não o fiz por saudades, dificuldades linguísticas ou condições financeiras. Filo por mim. Ainda que possa não parecer válido, percebi que não gosto o suficiente de fotografia, ou de qualquer outra opção, para dedicar três anos ou mais, da minha vida.
Ainda estou um pouco acho que em estado de choque. Custa-me entender o que se passou comigo. Eu, que sempre quis ser licenciada. Eu, que toda a minha vida amei estudar. Talvez com o tempo consiga ver melhor as coisas e ter outra perspetiva do assunto. Por agora, estou a tentar digerir tudo. Apesar de saber que é normal, torna-se complicado lidar com os outros quando eu, ainda não consigo lidar comigo mesma.
Os que me amam, dizem que foi uma experiência. Para mim, é só mais uma derrota.
Cá vamos andando... Já passaram quase três semanas. A de apresentação, de introdução ao curso e praticamente a primeira semana de aulas. Aparentemente, porque o meu horário ainda está em mudanças, vou ter aulas às segundas, quartas e sextas. Não é mau, mas preferia não ter dois dias livres a meio da semana e sim, os quatro dias seguidos, tanto para questões de trabalho como para uma escapadinha a Portugal.
Morar nas residenciais acaba por ser bom, eu pelo menos, estou a gostar. Tenho o meu canto, onde posso estar sossegada, só moram raparigas no meu andar e, apesar de sermos todas de cursos e nacionalidades diferente, dos escassos encontros, até são simpáticas.
Em relação ao curso, ainda estou muito à deriva. Talvez pelo facto de não ter qualquer base em fotografia ou mesmo por não ser na minha língua materna, o que, parecendo que não, também complica as coisas. E então, porque é que escolhi fotografia? E porquê no estrangeiro? Porque não tinha média para entrar na minha primeira opção (arquitectura), porque fotografia sempre foi um hobbie, um gosto pessoal, uma actividade de tempos livres. Porque sempre gostei do inglês e sonhei com Londres. Decidi tentar.
Mas toda eu continuo um misto de emoções. Já não tenho aquela vontade irracional de apanhar o primeiro avião de volta a casa mas também ainda não estou como queria. Esta anormal, que está a ter a melhor oportunidade da vida dela, passa os dias a lamentar-se e a ter pena dela própria. Incrível! Mas a velha Nadine vai voltar, eu sei que sim. Só está, digamos que, ligeiramente atrasada...
Os dias têm passado, devagar e, aos poucos, sinto-me a melhorar. Hoje foi o último dia da semana de introdução ao curso, e por isso, fomos convidados a fazer um passeio 'fotográfico' por Londres. Para além de todas as vantagens já conhecidas, Londres presenteia-nos com museus que na sua grande maioria, são gratuitos. Com várias exposições fotográficas a decorrer, podemos dizer que fomos a todos! Corremos a cidade de uma ponta à outra.
Os professores, fizeram questão de nos acompanhar em sensivelmente metade do percurso, visto que aos poucos, também temos que nos ir ambientando. Depois de tudo, fiquei bastante mais confortável quanto a viajar de metro. Apesar de achar os preços elevados, é bastante fácil orientar-mo-nos pelos mapas que temos à disposição. Se mesmo assim, tivermos dúvidas, numa grande parte das estações existem funcionários super atenciosos que nos ajudam a encontrar o melhor caminho para o nosso destino.
O meu único problema foi, ter deixado o cartão de memória em casa. Expliquem-me como é que é possível alguém fazer isto?! Tenho tanta vontade de bater na minha pessoa! Acabei por capturar apenas dois ou três cenários com o meu modesto LG L4 II.
Conforme a confiança for regressando, o dinheiro for dando e os pés aguentando, vamos explorar, um pouco a cada dia. Não me posso esquecer que, no final de contas, Londres, vai ser a minha cidade nos próximos três anos.
Hoje, faz uma semana que ando pelas ruas de Londres. Foi hoje também, o meu primeiro dia de aulas, ou melhor, o primeiro dia de introdução ao curso.
Pela manhã, preparei-me e parti, na minha caminhada diária que farei durante as próximas semanas. Depois de chegar, de pedir informações e de me perder, lá dei com a sala onde conheci os meus futuros colegas, tal como eu, aspirantes a fotógrafos. Foi nos feita uma apresentação da equipa, das componentes do curso, e todos os derivados.
Entretanto, a rapariga que estava ao meu lado, decidiu quebrar o gelo. Perguntou-me de onde vinha, ao que eu respondi, Portugal. É então que ela se desata a rir. Até que me responde: Eu também! Fiquei sinceramente feliz, foi das primeiras pessoas que conheci, fala a minha língua e estuda no mesmo curso! Conversámos um pouco mas entretanto fomos divididos em grupos, as nossas futuras turmas e acabei por não calhar na mesma que ela.
Depois de almoço, fizemos uma visita guiada por todas as salas que serão as nossas, desde estúdios fotográficos, de edição, a salas escuras. A universidade está verdadeiramente bem equipada, e nós, podemos ter acesso a tudo! Qualquer material que necessitemos, é só requisitar.
Fazendo um balanço de tudo, achei um pouco demais. Não sei se é porque ainda não me sinto confortável, se porque não tenho nenhuma experiência, se porque nunca mexi num Mac e agora, são os únicos em que vou mexer. Estou assustada, o que num geral, acabará por ser normal. Sou simplesmente eu que não estava habituada a ter este tipo de sentimentos...
Espero sinceramente gostar do curso e adaptar-me rapidamente.
Tenho a consciência que é a melhor oportunidade que algum dia podiria ter.