E bem, fez ontem perto da meia noite, uma semana que ando pela Alemanha.
Estou no meio termo. Como disse à minha mãe, acho que isto se assemelha mais a uma balança. Ver os prós e os contras, avaliar bem todos os pontos por mais pequenos que sejam e, no fim, saber qual o prato que pesa mais. Claro está que nem todos somos iguais, o que para uns é muito importante, para outros pode ser completamente relativizado.
Uma parte de mim está a gostar. Tenho manhãs de ronha, trabalho quatro horas, que por sinal, passam a correr, demoro uma hora a ir e outra a vir, o que perfaz seis horas fora de casa. Agradam-me as condições habitacionais: aquecedores ligados 24h e para meu espanto, a factura não é assim tão elevada porque o aquecimento é considerado um bem de primeira necessidade cá. As coisas são quase todas mais baratas - à excepção da carne ou peixe, que atinge valores por mim nunca antes vistos. Os transportes, já falei neles. É todo um conjunto...
A outra parte, quer voltar. Faz falta a mãe (como sempre), a irmã, o Doce, a família. Sim, estou com o meu pai. Sim, estou a ser bem tratada. Mas não, não é a mesma coisa... Sim, é verdade que aqui trabalhando quatro horas cada um, chega para viver. Mas será que compensa? Se não for para poupar, de que serve estar longe do nosso país?
Assinei um contrato por seis meses, e é esse mesmo tempo que vou tentar cumprir. O Doce disse que vinha, caso contrário, nunca teria tomado esta decisão. Vamos continuar a tentar e ver se de facto compensa tudo o que se deixa por pensarmos num futuro melhor.
Se há uma ideia clara, que tenho desde que cheguei, é uma vontade: juntar os trapinhos.
Não sei porquê, mas que tenho pensado imenso nisso, tenho.
Estes últimos dias têm sido cheios. Cheios de coisas boas, de trabalho, e de tudo o resto.
O Natal passou-se e já lá vai, enquanto esperamos pelo próximo e imaginar tudo o que ainda há de mudar até lá. As prendas já não são o que eram. Criou-se aquela ideia base de que só as crianças gostam de presentes e as circunstâncias também não permitem grandes gastos. São de maior valor os pequenos gestos e que, na maioria das vezes, dizem tão mais.
O trabalho tem corrido bem. O staff do restaurante decidiu adoecer todo ao mesmo tempo e entre faltas ou ausências, tenho sido um pouco mais sacrificada. Tirando a falta de tempo, não é nada que não se aguente, quando se faz algo de que até se gosta.
O pai tem trazido recordações de todo o tipo. Entre chocolates, episódios da vida e algumas peripécias, estou a gostar muito desta nova proximidade entre nós. Amanhã já é o último dia por Viseu, vai rumar ao Porto, terra da companheira dele e onde vai passar a passagem de ano, tendo em conta que passou o Natal cá. E nos primeiros de Janeiro regressa à Alemanha, país que o mantém, e faz feliz por enquanto.
Muito em breve, também farei as minhas resoluções de ano novo.
... são aqueles que em plena loja, na hora de maior afluência, ou seja: loja cheia de clientes e te dizem em alto e bom som: "Deixaste de ser égua para seres uma grande cabra!"
Nestes últimos dias, em terras de sua majestade, tenho descoberto sentimentos, reacções e estados de espírito completamente novos para mim. Tenho feito um esforço enorme para ver as partes boas da coisa, que, pensando bem, são verdadeiramente muitas.
Estou a viver nas residenciais que pertencem à universidade, num apartamento com 6 quartos e uma cozinha comum. Tenho um quarto, e uma casa-de-banho que não tenho que partilhar com ninguém! Na cozinha, cada uma tem um armário com tranca sabendo assim, que nunca me vão roubar comida. E falando em comida...
Quero a gastronomia portuguesa de volta! Quero os produtos portugueses de volta! Se vos disser que ainda não encontrei nada como salsichas ou mesmo atum? E melhor: estou há meia semana sem beber água, nem leite em condições. E eu sou tão fã destas duas coisas! São, a contar com o meu amado e fiel amigo ice tea, as únicas coisas que eu bebo! Únicas! Preciso desesperadamente de encontrar uma loja que venda leite Mimosa, ou água de Luso!
Só para saberem um bocadinho mais, ontem fui ao IKEA, loja que visitei pela primeiríssima vez em toda a minha vida. E deixem que vos diga: não sei se é pelo facto de a moeda ser diferente, mas achei a maioria dos produtos absurdamente cara! Mesmo assim, lá acabei por trazer umas toalhas e umas coisitas para a cozinha, porque apesar de ter tido direito a 23kg de oferta na TAP, toda a gente sabe que nunca dá para tudo.
Tendo sido este post, todo ele uma mistura de coisas, publicidade incluída, quero só acrescentar que amanhã vou passear para Oxford o dia todo!