Para quem me segue com maior frequência, sabe que há um ano enveredei pela área do turismo, estando a trabalhar num hotel como rececionista. É uma área que me enche as medidas. Adoro do princípio ao fim! E então quando entro nas plataformas de reservas e vejo reviews como este, fico de coração cheio! Até o meu nome decorou!
Ontem, numa visita rápido ao Pingo Doce, com o Doce, andava nas prateleiras da entrada quando vi uma senhora que reconheci. Ela olhou para mim, desviou o olhar, olhou novamente e como reparou que eu também estava a olhar, lá me disse que tinha a sensação que me conhecia, mas não se lembrava de onde. Respondi lhe que provavelmente seria da sapataria (onde trabalhei no ano passado) e quando dou por ela: a senhora deu-me dois beijinhos e fez uma festa doida.
Perguntou-me se ainda lá trabalhava ao que eu respondi que não e foi aí que os olhos dele quase brilharam. Ficou tão contente por mim e disse coisas que nem vale a pena mencionar. Entretanto apareceu o Doce, juntou-se à conversa, à troca de opiniões quando ela percebeu que ele também lá trabalhara e que fora lá que nos conhecemos. Disse-lhe, por entre a conversa que foi das melhores coisas que 'trouxe' da sapataria ao que ela nos felicitou e desejou tudo de melhor.
No ano que lá estive decorei muitas caras, de muitos clientes. Claro que algumas, me ficaram gravadas na memória com maior intensidade e esta senhora foi uma delas. Porquê? Porque tenho um grande defeito que é ser também consumidora e então, não fui capaz de ver a injustiça que acontecera com aquela cliente e tive que intervir em defesa dela. Já tinha sido atendida por três colegas minhas e nenhuma lhe resolvera o assunto, empatando sempre a senhora uma e outra semana até que deu de caras comigo e a situação ficou resolvida quase na hora.
Voltando um pouco atrás, e para avivar a memória, os meus problemas naquela empresa só começaram quando se tornou pública a minha relação com o Doce, porque era proibido - só que não, nada disso dizia no meu contrato nem fora mencionado em altura alguma! Claro que depois disso, foi sempre a descer até ao dia em que não aguentei mais a falta de respeito e me demiti.
Entretanto despedi-me da senhora. Agradeceu me novamente pela situação que nos tornou conhecidas e foi cada um à sua vida. Mais uma vez, fiquei de coração cheio. Na altura fui contra a empresa e muito criticada por isso, mas fiz o que estava ao meu alcance para resolver o assunto a uma cliente que tinha total razão e assim mantê-la, porque graças a isso, ainda hoje compra lá.
(Nunca antes mencionei o motivo pelo qual me demiti. Houve muitas razões para isso acontecer, uma delas foi eu não saber bem como, mas a minha antiga patroa saber da existência deste blog e me ter ameaçado mais que uma vez com um processo sobre difamação da empresa. Por isso também, nunca disse nomes de colegas, de localização de lojas ou mesmo o nome da sapataria em si. Claro que quem me conhece 'na vida real' sabe qual é, mas assim, estou salvaguardada não vá o diabo tecê-las.)
Ontem, entrou uma cliente no restaurante que reconheci. Uma cliente da sapataria. Decidi não abordar o assunto por ter receio de uma eventual pergunta complicada de responder, até que ela...
- Oh menina, bem me parecia que estava a conhece-la. Então, está tudo bem consigo? Já não trabalha na sapataria? Ou trabalha nos dois lugares ao mesmo tempo?!
- Sim, está tudo bem. Não, já saí agora estou só aqui.
- Oh que pena, gostei tanto daquelas sandálias que me vendeu no verão-
- Aquelas prateadas?
- Sim, sim. Usei, usei e vou voltar a usar! Adoro! Realmente já não a via há muito tempo por lá, mas pensei que andava por outras lojas.
- Sim, andei por uns tempos mas saí no mês passado.
- Pronto, são opções não é? Cada um sabe de si!
- É isso, gosto em vê-la, até uma próxima!
Sabia desde o momento em que a vi entrar que a conhecia. Sabia perfeitamente das sandálias que ela falava. Foi talvez das clientes mais queridas que tive o prazer de atender durante todo aquele ano. A mesma, é enfermeira, e já me tinha reconhecido no hospital quando tentei dar sangue a última vez. É bom sentir que, apesar de opiniões superiores contrárias, alguém 'gostou' de ti o suficiente para te recordar onde quer que te veja.