... a contabilidade do hotel despediu-me e o patrão nem sabia!
Mas tenham calma, que continuo com trabalho! Passo a explicar: acabou no dia 12 de Fevereiro o meu contrato de meio ano, que será renovado automaticamente todos os semestres. Mas o iluminado do contabilista, achou que como ninguém antes cá ficou mais de meio ano, eu não seria exceção. Fez as minhas contas e pagou o correspondente. Agora imaginem o meu susto quando vi na conta nem 300€ - pensei que os saldos se tinham estendido ao meu salário!
Aqui os ordenados são pagos entre 13-15 de cada mês. Assim, coincidiu com o intervalo em que estive em Portugal. Como organizada que sou, fui fazendo as contas ao meio mês de Janeiro que trabalhei, e sabia portanto mais ou menos quanto ia auferir.
Vi o valor no dia em que fui embora mas como não me pareceu de longe o correto, decidi esperar até voltar para entretanto confrontar com o recibo das horas que havia de receber. Sabia que era paga a 10€ à hora (brutos). Pareceu-me mais que bom! No entanto, neste valor está incluído tudo o que podem imaginar: subsídio de alimentação é uma delas. O chamado 13º mês, aqui não existe! Achei estranho mas se o valor é tão alto, para quê reclamar. O meu pai já me tinha avisado que por não ter filhos e não pagar renda, ia descontar bastante.
Tal como já acontecia em Portugal, pensei. Pois bem, não. É muito mais!
Sabem quanto é que uma pessoa solteira e sem despesas aparentes desconta aqui?
Uns maravilhosos 16% minha gente, 16! Estou incrédula, verdadeiramente.
Ah, e fora mais umas taxaszinhas que vêm sempre por acrescento!
Conclusão: se vos oferecerem 2000€ no estrangeiro não se iludam nem achem que o valor é muito alto, porque destes, só vão receber perto de 1500€. Têm uma renda de 700€ para pagar, 50-100€ pela recolha de lixo (valores variam de zona para zona e pelo numero de pessoas), 200€ para contas (não inclui televisão, que é obrigatório pagar nem Internet, que é opcional. Só e apenas água, luz e gás), perto de 100€ pelos transportes, fora tudo o que seja de alimentação.
Compensa? Eu, na minha modesta opinião, acho que não.
Um mês além fronteiras. Longe dos meus amores, da minha família, da minha casa, da minha cama, das minhas ruas, dos meus lugares... De todas as coisas que me faziam tão feliz e agora fazem tanta mas tanta falta... A curiosidade de tentar, de experimentar coisas novas, o facto de estar desempregada, ter aqui quem me desse a mão, tudo isso foram fatores que me fizeram vir. O plano era ver o que achava e caso me agradasse, trazer o Doce começar a nossa vida aqui.
Vendo bem as coisas, as conclusões a que cheguei são:
1. As casas têm imensas condições de aquecimento. Mas custam um balúrdio.
2. As pessoas vivem as suas próprias vidas. Mas há sempre um português a meter o nariz.
3. A rede de transportes é o que mais me fascina. Mas a condução para mim, tem outro encanto!
4. Os ordenados parecem excelentes, mas avaliando todas as despesas vai dar ela por ela.
E como disse anteriormente, se não for para se poupar, porquê sair de ao pé dos nossos...?
5. De que me serve ter o fim-de-semana livre, se não tenho com quem o passar?
Mesmo futuramente com o Doce, mãe é mãe, e todos sabem o que ela significa na minha vida.
6. Há coisas que nunca vão mudar, e eu tenho teimado em não aceitar isso, e tentado mudar as coisas mas já me cansei de o fazer e por isso, está na altura de um ponto final.
Mesmo assim, vou fazer um esforço e cumprir o contrato que assinei.
São seis meses, e um já lá vai. Só faltam cinco. Já só faltam cinco...