Estou desempregada há pouco mais de um mês. Um mês, que sinceramente já me parece meio ano. Se por um lado parece que ainda foi ontem que me levantava cedo e deitava tarde, que recebia hóspedes com o meu melhor sorriso, que aturava coisas que me deixavam com o astral em baixo, por outro, sinto que já estava de férias há tempo demais.
Até à semana passada, tinha um impedimento na procura de trabalho: a viagem. Felizmente correu tudo bem, fomos e voltámos contentes, com alguns docinhos para matar as saudades e sem dúvida com mais uma experiência para o lote das memórias.
Durante este tempo, e porque estou inscrita no centro de emprego, recebi algumas convocatórias para ofertas tanto de emprego como de formação. Confesso que a ideia de estudar voltou a saltitar mas como tenho uma renda para pagar achei que não me devia dar a esse luxo.
Na quinta-feira, antes da viagem tive uma dessas convocatórias. Para tirar um CET (curso de especialização tecnológico) que nos dá o nível 5 do Q.N.Q. (quadro nacional de qualificações) na área das tecnologias e gestão. Não que a primeira me chame propriamente à atenção mas, todos nós sabemos para onde este mundo caminha e poderia ser uma mais valia. E nível 5... Era tão mas tão bom. Ainda mais para mim, que só fiquei com o nível 3...
Então informei-me e percebi que a mesma ia começar dia 25 - ótimo, nada a impedir a viagem. Percebi também que poderia manter o desemprego, não que seja muito, durante o tempo do curso. Ficaria com um CET tirado num ano (1400h - 850 de formação e 400 de estágio), em que algumas cadeiras dão equivalência a um curso universitário, eventualmente, caso queira no futuro. E depois de pensar (pouco) no assunto atirei-me. Atirei-me de cabeça. E já faz hoje uma semana que estou no dito curso. E estou a gostar mais do que imaginei!
Tenho alturas que penso que foi uma decisão um tanto irresponsável porque o que o desemprego me paga mal chega para as contas e não é um curso pequeno diga-se. Mas a outra parte de mim pensou que de outra forma, dificilmente ia aumentar as suas qualificações num futuro próximo. Por isso, a Sweetener voltou aos estudos. E está extremamente feliz!
Sempre fui uma rapariga organizada. Gosto de ter tudo planeado. Sinto uma necessidade enorme de saber sempre o que vou fazer a seguir, como que, ter o 'controlo' das coisas. Neste momento, não sei o que fazer a seguir. E isso preocupa-me. Muito.
Não me arrependi (ainda) da decisão que tomei. Como digo, a situação está a ter impacto porque eu optei por ir estudar para o estrangeiro, caso contrário, ninguém fazia alarido em relação ao assunto. Eu desisti da universidade, só isso. O resto, foi tudo uma consequência.
Se gosto de Viseu? É claro que gosto! Se quero estar perto da minha família? Claro que quero! Mas estamos no interior, e é tudo tão 'parado'. Não acontece nada, não há oportunidades, não há pessoas novas. Adoro viajar, conhecer novos sítios, ter novas experiências. (In)felizmente, Viseu não me pode dar isso.
E, ou muito me engano ou em breve, Londres será novamente a minha casa.
Hoje, escrevo-vos de minha casa, do meu humilde lar. Voltei para Portugal.
A decisão de voltar foi ponderada, ainda que pareça que não. Percebi que, ser universitária, não é para mim. Não é o que eu quero. E, antes que chegasse a um ponto mais avançado, decidi desistir. Não o fiz por saudades, dificuldades linguísticas ou condições financeiras. Filo por mim. Ainda que possa não parecer válido, percebi que não gosto o suficiente de fotografia, ou de qualquer outra opção, para dedicar três anos ou mais, da minha vida.
Ainda estou um pouco acho que em estado de choque. Custa-me entender o que se passou comigo. Eu, que sempre quis ser licenciada. Eu, que toda a minha vida amei estudar. Talvez com o tempo consiga ver melhor as coisas e ter outra perspetiva do assunto. Por agora, estou a tentar digerir tudo. Apesar de saber que é normal, torna-se complicado lidar com os outros quando eu, ainda não consigo lidar comigo mesma.
Os que me amam, dizem que foi uma experiência. Para mim, é só mais uma derrota.
Hoje, faz uma semana que ando pelas ruas de Londres. Foi hoje também, o meu primeiro dia de aulas, ou melhor, o primeiro dia de introdução ao curso.
Pela manhã, preparei-me e parti, na minha caminhada diária que farei durante as próximas semanas. Depois de chegar, de pedir informações e de me perder, lá dei com a sala onde conheci os meus futuros colegas, tal como eu, aspirantes a fotógrafos. Foi nos feita uma apresentação da equipa, das componentes do curso, e todos os derivados.
Entretanto, a rapariga que estava ao meu lado, decidiu quebrar o gelo. Perguntou-me de onde vinha, ao que eu respondi, Portugal. É então que ela se desata a rir. Até que me responde: Eu também! Fiquei sinceramente feliz, foi das primeiras pessoas que conheci, fala a minha língua e estuda no mesmo curso! Conversámos um pouco mas entretanto fomos divididos em grupos, as nossas futuras turmas e acabei por não calhar na mesma que ela.
Depois de almoço, fizemos uma visita guiada por todas as salas que serão as nossas, desde estúdios fotográficos, de edição, a salas escuras. A universidade está verdadeiramente bem equipada, e nós, podemos ter acesso a tudo! Qualquer material que necessitemos, é só requisitar.
Fazendo um balanço de tudo, achei um pouco demais. Não sei se é porque ainda não me sinto confortável, se porque não tenho nenhuma experiência, se porque nunca mexi num Mac e agora, são os únicos em que vou mexer. Estou assustada, o que num geral, acabará por ser normal. Sou simplesmente eu que não estava habituada a ter este tipo de sentimentos...
Espero sinceramente gostar do curso e adaptar-me rapidamente.
Tenho a consciência que é a melhor oportunidade que algum dia podiria ter.