Nos últimos meses tenho andado meia apagada por aqui. O fim das aulas do curso que estou a tirar, o início do estágio, tudo isto misturado com outros fatores, têm me impedido de viajar até aqui, de vos ler, saber da vossa vida e trocar ideias convosco. Têm sido semanas mais intensas que o habitual e no meio disto tudo, tenho vindo a acumular coisas e coisas para vos contar mas a gestão diária tem sido meio complicada e não me tem permito atualizar-vos.
Posto isto, hoje vou contar-vos a maior reviravolta que a minha vida deu: separei-me.
Foi uma decisão tomada com precaução e muito bem pensada. Chegámos à conclusão que não queríamos as mesmas coisas no futuro e ao invés de insistir em algo que não iria funcionar, optámos por colocar termo à nossa relação a tempo de conseguirmos ficar amigos.
Apesar de ter sido uma decisão mútua, eu estive mais determinada nesta mudança. Cheguei à conclusão que toda a gente sabe mas que eu teimava em não querer interiorizar: o amor só não chega. Por muito que se tente, por muitas pontas que se ate, assuntos que se esqueçam, a mágoa fica. E chega um dia que decidimos. Decidimos que vemos aquela pessoa como um amigo e não como um companheiro. Decidimos que queremos algo diferente do que aquilo que temos tido. Decidimos e aceitamos que não é uma derrota terminar uma relação longa mas sim um ato de coragem. Coragem para mudar, coragem para assumir que não se estava bem. Coragem para enfrentar todas as pessoas que vão falar, julgar e dizer "Mas pareciam tão felizes!".
Eu decidi e escolhi ser (mais) feliz. E estou tão orgulhosa disso!
Hoje, véspera de feriado, faz um ano que eu e o Doce juntámos os trapinhos.
Estes 365 dias têm sido uma aventura e uma prova constante. A decisão, ainda que precipitada, de irmos morar juntos tornou-se das melhores decisões da minha vida. Era um dos passos que mais queria, (pela independência que isso nos traz) mas que ao mesmo tempo mais receava.
Houve uma redução drástica nas saídas, nas extravagâncias e nos passeios a dois. As consequências da nossa decisão ficaram à vista. Por vezes, chegámos a ponderar voltar para casa dos pais mas demos a volta e mesmo com dificuldades, ainda cá estamos.
O meu desemprego veio abalar ainda mais as coisas. Tinha já definidos os objetivos, o fim dos créditos e finalmente um alívio financeiro. Infelizmente, pregaram-me uma partida. Partida essa que me levou a voltar a estudar e que até agora me mantém ocupada e consideravelmente feliz.
Costumo dizer, ainda que em brincadeira, que faço com o dinheiro o mesmo que Jesus fez com o pão e a sardinha. Descobri uma faceta ainda mais capaz do que aquela que já sabia ter. Tenho orgulho em mim. Em nós. E na educação que recebi (Obrigada mãe!).
Não vou dizer que não tenho dias em que desespero, em que não choro porque não posso comprar uma peça de roupa ou jogar uma mísera chave de euromilhões. Mas tento sempre lembrar-me que as contas, essas estão em dia. E que no final, isso é que é importante!
Um ano, Doce. Um ano da nossa casinha, com quase tudo o que queremos. Um ano de superação, um ano de batalhas vencidas. Mais estarão para vir, é certo. Mas se continuarmos juntos, podemos tudo! Vamos olhar para trás e sorrir a todos os que nos disseram que não éramos capazes. Porque fomos. Porque somos!
O meu dia ontem começou bem cedo. Esta coisa de querer viajar nas low cost e poupar algum dinheiro, tem por preço a falta de horas de sono. Levantei-me à segunda hora do dia, e cheguei perto da nona hora ao Porto. Pela primeira vez, ao sair com a minha bagagem tinha alguém à minha espera do outro lado: o Doce. Foi uma sensação tão boa, tão aconchegante. Tão semelhante a sentir-me em casa e de volta à vida maravilhosa que tinha!
Lá fomos os dois, todos contentes e eu a rir até ao carro. Reparei desde o primeiro segundo que ele trazia um saco com ele, mas decidi não perguntar nada até este me ser entregue... Ao abrir, vejo que a compra que prometi ser a primeira que faria em território nacional já não se iria concretizar. Porque o malote estava ali, à minha frente! Palpável, real! O meu coração veio fazer os trabalhos de casa aqui ao blog e decidiu ser o Pai Natal que eu falava e oferecer-me este mimo! Fiquei delirante - a mala ainda era mais bonita ao vivo.
Ia toda lampeira para dentro do carro quando ele me pergunta se não vou abrir a mala, ver como era por dentro. Estranhei ele estar tão interessado e abri a dita cuja. Havia mais um embrulho lá dentro. Meia desconfiada, abri e admito que ia sofrendo um ataque cardíaco. Acho que ainda hoje estou um bocadinho em choque... Ele comprou-me um telemóvel. E não foi um qualquer...
Depois do choque inicial, entrei finalmente no carro e rumámos a Viseu. Durante a viagem ele contou-me toda a organização desta enorme surpresa e eu fiquei tão derretida por pensar no trabalho todo que ele teve para me agradar... Já disse que só gosto de telemóveis brancos e que o pobre homem andou feito doido à procura deste? E que ele avaliou todas as vertentes do 'bicho', sistema operativo, câmara, etc para chegar à conclusão que este telemóvel era a minha cara? E já disse que é efetivamente a minha cara?! Oh meu Deus! Ele surpreendeu-me mesmo!
Chegar a casa foi uma sensação do outro mundo. As minhas Marias, o meu Blacky, a minha casa, o meu quarto, a minha cama... Oh que saudades de tudo isto! Tive um dia em cheio, em todos os sentidos. Estou tão feliz por voltar para casa. Olá Portugal, olá Viseu, estou de volta!
Diz-se que o que é bom acaba depressa e é bem verdade. Ainda ontem era quarta-feira e hoje já é segunda. O tempo tem uma capacidade incrível de fazer correr as horas quando estamos bem, e prolongar os segundos quando estamos em 'sofrimento'. Talvez seja apenas a nossa perspectiva, querendo eternizar alguns instantes e esquecer outros por completo.
A quarta-feira foi um dia longo, em todos os sentidos. Levantei-me de madrugada para conseguir apanhar todos os transportes necessários ao aeroporto mais próximo e por volta das 9h, estava finalmente a pisar solo nacional, naquele que é agora o melhor destino turístico. Apanhei o primeiro autocarro que tinha e cheguei a Viseu por volta do meio dia. Todo o processo envolto na viagem foi tratado com secretismo total. Enganar as Marias tornou-se complicado a certa altura mas parece que não desconfiaram nem por um segundo o que andava a magicar!
Aquando a compra dos voos, precisei de cartão de crédito para finalizar e sem opções, tive que recorrer à mamã. Como justificar 52€? Ora, é a prenda do Doce. Informei logo que ia chegar atrasada porque encomendei tarde e que ia precisar de alguém em casa para a receber, quarta-feira, entre o meio dia e a uma da tarde. Até aqui tudo bem. O pior foi quando a Maria mais nova quis saber o que era... Só me lembrei de ver um site online e escolher algo ao acaso!
Avisei então a mãe que o Sr. me tinha ligado e que estava à porta e surpresa! Nem sei quem ficou pior, se ela, se eu. Talvez tenha sido ela, porque passou por mim e não me viu. Chegou a hora de almoço e vi a mana. Reação nº 2 - check. A minha prima, a única cúmplice desta 'prenda', fazia anos nesse dia, e tendo um jantar organizado, poupou-me o trabalho de visitar toda a gente guardando um lugar na mesa para um convidado surpresa. Chegou a hora do Doce. O plano era ele ligar-me para eu avisar a minha irmã, que se encontrava no jantar e a mesma, descer para lhe entregar o presente. Mas quem desceu, fui eu! Quando me viu, não quis acreditar. Argumentou ligeiramente mas depois, não foram precisas palavras para mais nada.
Consegui resolver alguns assuntos que tinha pendentes em Portugal, matei as saudades de toda e gente e voltei, não necessariamente feliz, mas com o coração um pouco mais cheio!
Prometi que contava hoje, embora tarde, é isso mesmo que vou fazer.
Como primeira celebração que era, e estando longe, quis oferecer algo que tivesse significado e que fosse memorável. Tenho isto planeado desde que cheguei, ou até ainda antes de vir para cá. Nem tudo dependia de mim, é verdade mas mantive a esperança viva e resultou!
O dia dos namorados foi ontem e dizem que passando o dia passa a romaria. Mas infelizmente, não consegui fazer com que fosse tudo entregue a tempo e horas, havia variantes que tiveram de ser avaliadas e conjugadas da melhor forma. Assim, é com alegria que informo que o presente dele já chegou a território nacional há algumas horas, entre atrasos e arranjos, finalmente se encontra na sua rica e maravilhosa cidade, e não tarda estará nos braços do seu amor!
É isso mesmo, o meu presente... Sou eu!
(Primeiro que tudo, peço desculpa pela hora. mas precisei de ter a certeza que ele não lia isto antes de me ver. A minha estadia em Portugal será entre os dias 15 e 19 deste mês. Tive receio de não ter internet suficiente pelo caminho mas a mana deixou-me dar uma saltada ao portátil dela porque decidi deixar o meu na Alemanha. É pouco provavel vir aqui neste intervalo. Prometo contar-vos tudo quando voltar! Beijinhos)