Como confessei na quinta-feira, no desafio proposto pelo Triptofano, para minha infelicidade e mancha na reputação, apanhei há pouco tempo a minha primeira multa. Estavam a ser uns maravilhosos anos sem ocorrências, até que a Policia Municipal decidiu dar-me um presente.
No seguimento dos episódios que o Blacky e a Mia sofreram recentemente que me levou com demasiada frequência ao veterinário, no dia 19 de Janeiro passado, tínhamos marcada a consulta de reavaliação. Com dois gatos pela mão, lá fui armada em valente fazer uma caminhada que julgava serem 500 metros mas que mais pareciam 5 km. Com algumas paragens pelo meio, lá consegui chegar ao destino. O médico viu os bichanos e para minha alegria disse que tudo estava bem e que tão depressa, esperava não ser necessário voltar a visitá-lo (Já disse que o médico era jeitosinho?). Como nervoso que o meu Blacky é, pelo caminho fez o favor de se sujar, o que obrigou a tomar uma banhoca. Perguntei se era possível de caminho tomarem os dois, e como a resposta foi afirmativa, vim à minha vida. Quando chegou a hora de os ir buscar, chovia, e como tinha dois gatos para trazer, peguei no carro e fiz-me à estrada. Claro foi, que não tive lugar para estacionar, então optei por me colocar em segunda fila, afinal, era coisa rápida.
Quando entrei no veterinário vi que estava a haver espetáculo. Um dono extremamente descontente porque tinha uma quantia avultada para pagar e o hospital não lhe estaria a facilitar o pagamento. Esperei, até que me trouxeram os bichanos, cheirosos até mais não. Enquanto estava ao balcão para pagar, lembrei-me de olhar para o exterior e foi quando vi a Policia Municipal parada do outro lado da rua. Corri para fora e tentei apaziguar o guarda, mas não tive alternativa. O meu bolinhas, com dois meses de vida já comeu uma multa. Trinta paus. A minha ignorância é imensa e só quis saber se pagava na hora ou como era, ao que o guarda me respondeu que a receberia em casa. Nisto tudo, está o veterinário atrás de mim, com os gatos na mão para me entregar e começa a mandar vir com o polícia. Que há muitas infrações e eles nada fazem, que havia muitos mais carros mal parados (é verdade, havia!) e que eu parara ali numa emergência de ir levar o meu gato doente. O guarda não gostou e começou a discussão. E eu ali, a ouvir.
Eu fiz mal e tenho a perfeita consciência disso, ainda mais sendo hora de ponta. Agora se eu levei multa, porque não levaram os outros todos também? Isto dos privilégios é mesmo tramado.
Conclusão: o banho dos gatos foi oferta da casa. E eu fartei-me de insistir no pagamento, acreditem! Mas o Dr. disse que a multa que tinha para pagar já era despesa suficiente. Já vos disse que o Dr. é um querido? Depois deste episódio, fiquei ainda com mais certeza disso.
Todos desse lado sabem que, cá por casa, há dois bichanos: o Blacky e a Mia.
O Blacky é o o amor da minha vida. Não sei se é porque eu o adoro, porque o adoro ou porque o adoro outra vez. Mas que o adoro, disso, podem ter a certeza absoluta! É relativamente amoroso e meigo, embora tudo isso desapareça quando vê a sua maior inimiga... A transportadora.
O Blacky tem seis anos. Em todo este tempo, só conseguimos fazer-lhe a castração. Não por falta de dinheiro ou de vontade, mas simplesmente porque ele não se deixa apanhar. Quando é apanhado e ele percebe que foi traído, fica ofegante, esperneia, magoa-nos, ataca e inclusive mija-se. Parece mentira mas não é... Sim, de tanto medo ele mija-se. Quantas não foram as vezes que tivemos de desmarcar à última porque não fomos capazes de apanhar o nosso próprio gato... Mas bem, apesar de tudo isto sempre foi um gato saudável. Brinca, corre que nem doido e come a quantidade indicada. De há uns meses para cá, não sei se é pela chegada da Mia, ele não anda o mesmo. Quando chega a hora da refeição, como a Mia quer comer ao mesmo tempo ele acaba por lhe ceder a vez. Passa a hora e ele não come e quando se lembra, enfarda como se não houvesse amanhã. E o que é que acontece depois? Vomita, pois claro. Típica atitude bulímica.
A preocupação começou a aumentar nos últimos dias quando, em vez de uma vez na quinzena começou a ser diário. Algo devia estar muito errado... Ainda não sei como mas a minha irmã conseguiu um milagre. Nem ela sabe como o conseguiu enfiar na caixa à falsa fé. Foi logo a correr ao veterinário, mesmo sem marcação para tentar a sorte. E felizmente, conseguiu.
Ficou para observação durante a noite e foram lhe feitas análises. Fui buscá-lo ontem e o médico disse que nada indica uma doença. Mandou-nos mudar de ração e recomendou uma anti-alérgica para ver a reação dele (2,50 kg - 33,50€!). Hoje, vou buscar a Mia, que foi também internada ontem para ser esterilizada. Vou marcar consulta para ambos e pensar já no terror que será engana-los novamente para a semana. A somar lhe a operação, já ascende aos 400€. Assim, de repente e quase sem se contar. Tem que ser, eu sei. Só é pena ser tudo junto e num mês em que naturalmente se gasta mais... Ao menos que fiquem bem, isso é que interessa. Nós tomámos a decisão de os adotar por isso é responsabilidade nossa cuidar e zelar por eles. Sempre!
Durante o tempo que morava na aldeia com os meus avós, tive dois cães. Foram nossos companheiros até a altura da mudança, quando vim para a cidade e ficámos impossibilitadas de os trazer. Eram cães de aldeia, habituados à rua, a ladrar... Incompatível com um apartamento. Acabámos por entrega-los a uma instituição. Na altura nada diferente podia ter sido feito.
Quando a nossa vida mudou em termos financeiros e a minha mãe conseguiu recuperar a sua independência recebi um gato pelo aniversário. Sempre foi um desejo de criança, nunca antes concretizado não por falta de opções mas porque alguém não autorizava. Já estamos juntos há cinco longos anos, e assim espero continuar pelo menos por outros tantos.
Mas a minha mãe nunca recuperou da perda forçada dos nossos cães e continuou sempre a querer um. Tal como um gato era ideia minha, o cão era a ideia dela e ultimamente tem falado nisso com bastante frequência. Apesar de eu e a minha irmã lhe fazermos ver todos os prós e contras ela parece estar absolutamente decidida. Não é que nós não queiramos, claro que gostávamos, mas acho que apesar de tudo, não reunimos as melhores condições para tal. Sei bem que as despesas são para a minha mãe e que é ela que manda. Sei bem que a responsabilidade de passear o cão ou cadela será principalmente dela. O problema no meu ponto de vista é outro, capaz de ultrapassar todos os 'ses' que tenho: o meu bebé, o Blacky. É um macho e sempre foi o único macho da casa. É TUDO dele e todos sabemos que os gatos são super territoriais. Ele recebe imenso carinho, ele tem imensa atenção - atenção essa que não é dividida com ninguém. Ele dorme nas nossas camas. Ele é um verdadeiro mimado. E isto pode correr verdadeiramente mal.
A minha questão é: será mesmo boa ideia meter um cão cá em casa?