Apesar aqui do je não ser grande fã do facebook, e muito menos perder horas a cuscar vida alheia, o mesmo proporcionou-me uma coisa muito muito boa ainda hoje!
Há coisa de dois anos, enquanto fazia uma arrumação geral encontrei muitas coisas que os meus pais me deixaram trazer como memória da minha infância. Entre elas, encontrei um livro muito usado naquelas bandas: o livro das amizades. Era uma espécie de caderno onde cada amigo nosso preenchia basicamente todas as informações e gostos pessoais. Servia-me como memória, e voltar a lê-lo serviu-me de alento.
(imagem ilustrativa do livro que vos falo)
Voltando ao tempo cronológico de que falo, encontrei uma daquelas amigas que mais me marcou. Aquela especial que nos acompanha em tudo, mas que no nosso caso, com a mudança de país, acabou por ficar por ali. Trocámos cartas de Portugal para o Luxemburgo durante quase um ano, e só eu me lembro da alegria enorme que era chegar ao correio e ver uma carta dela.
Sabendo que o fb era mundial, decidi pesquisar pelo nome dela na rede e por incrível que seja, encontrei. Mandei-lhe uma mensagem, onde dizia quem era e entre outros, perguntava se se lembrava de mim. Nunca essa mensagem foi respondida... Até hoje!
Ligo o computador como todos os dias, para vir até ao sítio onde ultimamente me tenho sentido melhor e eis que o meu e-mail me anuncia que tive resposta! Fiquei em pulgas e fui a correr ver... E não é que, 12 anos depois, ela se lembra de mim?! Estou com aquela sensação de alegria pura que nem podem imaginar!
Apesar de não te frequentar muito, obrigada Facebook!
Além de todos os fatores encontrados até ao dia sobre ficar ou não pelo estrangeiro, há aqueles pormenores aos quais ninguém liga, mas que ajudam a balança a pender para um dos lados.
Fui me apercebendo ao longo destes dois meses, nas idas ao supermercado de alguns preços que fazem parte do meu dia-a-dia aqui. Tenho muita tendência a comparar os preços a Portugal, embora saiba que não o devia fazer. Porque não se ganha o mesmo que lá, logo os preços não podiam ser irmãos gémeos. O problema é que por vezes, nem primos são!
Acho que nas questões essenciais, estou pronta para me desenrascar. Tive e tenho uma exelente professora. A minha querida mãe ensinou-me entre muitas coisas, como fazer boas compras. Verificar o preço ao quilo, nomeadamente da carne/peixe, é uma regra base. Se eu vos disser que um quilo de peito de frango chega a custar onze euros, acreditam? E um quilo de salmão à posta, atenção que não são os lombinhos, consegue chegar aos dezassete euros/quilo, acreditam? Talho e peixaria são imensamente mais caros comparativamente ao que estava habituada.
Passamos então à fruta e aos legumes, dos quais não sou propriamente consumidora mas fiz, mesmo assim, as minhas comparações. Aqui os preços já são semelhantes. Indo aos poucos artigos que consumo, as framboesa custam o mesmo que em Portugal, as maçãs andam bem lá perto e os citrinos custam exatamente o mesmo. Já os legumes, são ligeiramente mais baratos.
Padaria é mais cara, sem dúvida alguma. Uma baguete simplicíssima chega a custar um euro! Pão de forma, croissants e mimos de pequeno-almoço custam entre vinte a cinquenta cêntimos a mais. Os lacticínios são mais baratos, nomeadamente os iogurtes. O leite é ao mesmo preço.
Produtos de higiene feminina custam o dobro! Ok, estou a mentir. Vistas bem as coisas custam o mesmo, na volta dos quatro-cinco euros caixa. Mas todas sabemos que só nos abastecemos dessas coisinhas quando estão a metade do preço no Continente ou no Pingo Doce, correto? O gel de banho e champô é uma pechincha - compro gel de banho a cinquenta cêntimos e champô de 250ml a noventa cêntimos, da Schwarzkopf, acreditam? Assim sim, vale a pena!
O que é sem dúvida quase oferecido, é o quê? Todas aquelas coisas que fazem bem à nossa saúde: as gulumisses. Pois é, tudo tão barato que até dói. Dói, mas não é na carteira, é na balança, depois de alguns meses a viver assim! Sabem quanto custam as tabletes pequenas da Milka? Setenta e nove cêntimos, ouviram bem, é isso mesmo. Como pode uma pessoa que não se afogar em chocolates aqui?! Depois admiram-se que as pessoas andam gordinhas por estes lados... Num aspeto, tenho que ser sincera: nas primeiras duas semanas, consumi bastantes doçuras, mas agora, dia-a-dia, parece que nem me chama. Provavelmente sou eu que já enjoei, ahahah.
Tirando os frescos, os preços estão ela por ela. As diferenças notam-se pelo facto de não haver promoções pontuais nem semanais. Há cartão cliente na maioria dos estabelecimentos, que acumula pontos conforme o valor das compras. Não há cá cupões ou ofertas especiais e muito menos somos premiados com 5€ após 500€ em compras no Continente. Pronto, é isto
Daqui a umas horas, faz três dias que estou em território estrangeiro.
O primeiro dia, foi complicado. Sobretudo quando do outro lado do portátil, alguém me disse isto. Igual quando falei com a minha mãe. Estava meia para lá, meia para cá. Não senti aquela vontade urgente de voltar, mas não me sentia tão em paz como pensava que ia sentir.
Ontem foi melhor. Fui trabalhar, gostei do que estive a fazer. À tarde ainda fiz umas compras, e o meu pai nunca me largou. Andou sempre comigo, levou me ao trabalho, foi-me buscar depois, não fosse eu não saber explicar como vinha para casa. Quando falei com o Doce, ele deu conta, e disse logo que eu estava diferente, a minha expressão facial estava mais leve, com outra aura.
Aqui ao fim de semana não se trabalha. Se trabalhar, é no sábado, e recebe-se a dobrar ou a triplicar, dependendo do tipo de trabalho, das horas feitas, e claro, dos patrões. O Domingo é que não, é completamente sagrado. Pára tudo ao Domingo: supermercados, lojas, farmácias - tudo fechado! Ao início parece estranho, mas penso que se em Portugal fosse assim, era já um pequeno passo para a felicidade dos habitantes.
Vamos ver como os próximos dias se vão desenrolar, e se consigo, de facto, adaptar me a morar por aqui. O meu pai está a ser fundamental nesta jornada. No primeiro dia, apanhou-me a chorar e para minha grande surpresa... Abraçou-me. Foi tão estranho e bom ao mesmo tempo. Parece que finalmente está a representar o papel que lhe foi destinado há vinte e um anos atrás.