E bem, fez ontem perto da meia noite, uma semana que ando pela Alemanha.
Estou no meio termo. Como disse à minha mãe, acho que isto se assemelha mais a uma balança. Ver os prós e os contras, avaliar bem todos os pontos por mais pequenos que sejam e, no fim, saber qual o prato que pesa mais. Claro está que nem todos somos iguais, o que para uns é muito importante, para outros pode ser completamente relativizado.
Uma parte de mim está a gostar. Tenho manhãs de ronha, trabalho quatro horas, que por sinal, passam a correr, demoro uma hora a ir e outra a vir, o que perfaz seis horas fora de casa. Agradam-me as condições habitacionais: aquecedores ligados 24h e para meu espanto, a factura não é assim tão elevada porque o aquecimento é considerado um bem de primeira necessidade cá. As coisas são quase todas mais baratas - à excepção da carne ou peixe, que atinge valores por mim nunca antes vistos. Os transportes, já falei neles. É todo um conjunto...
A outra parte, quer voltar. Faz falta a mãe (como sempre), a irmã, o Doce, a família. Sim, estou com o meu pai. Sim, estou a ser bem tratada. Mas não, não é a mesma coisa... Sim, é verdade que aqui trabalhando quatro horas cada um, chega para viver. Mas será que compensa? Se não for para poupar, de que serve estar longe do nosso país?
Assinei um contrato por seis meses, e é esse mesmo tempo que vou tentar cumprir. O Doce disse que vinha, caso contrário, nunca teria tomado esta decisão. Vamos continuar a tentar e ver se de facto compensa tudo o que se deixa por pensarmos num futuro melhor.
Se há uma ideia clara, que tenho desde que cheguei, é uma vontade: juntar os trapinhos.
Não sei porquê, mas que tenho pensado imenso nisso, tenho.
Hoje venho falar-vos de uma das coisas que mais estou a gostar por cá, que são os transportes. Consegue-se ir a todo o lado, a qualquer hora. O leque oferecido é enorme e o tempo de espera também é excepcional: a cada dez minutos passa um dos muitos meios: eléctrico, comboio, autocarro, horário que passa a ser de hora em hora durante a madrugada.
Todas as paragens estão muito bem assinaladas e penso que qualquer estrangeiro conseguiria guiar-se por lá. Para ajudar ainda mais, cada paragem tem um placard semelhante a este, onde se pode ver as linhas que por ali passam e os respetivos horários.
No local onde estou a morar, sou obrigada a apanhar o eléctrico até à cidade. Eléctrico esse que, para minha infelicidade, passa mesmo à porta! São cerca de cinco minutos até chegar à Haupbanhof (aprendi entretanto que cada cidade tem uma. Traduzindo à letra, significa estação principal). Aí, há de tudo. Para todo o lado. No caso do meu trabalho, que fica localizado numa outra cidade, do lado oposto do rio, apanho um autocarro e lá estou. Demoro ao todo cerca de 45 minutos a chegar, e outro tanto a voltar.
Os preços parecem me um tanto ou quanto exagerados. Quem compra passe mensal toma a melhor decisão. Há também passes semanais, diários ou por viagem. Neste caso: por viagem, paga-se 2,80€. Passe diário, são 6,70€. O semanal anda à volta dos 22€, e o mensal, são a módica quantia de 63,80€. Acabei por comprar o mensal que, visto bem as coisas e comparando com os outros preços, fica bem barato.
São transportes com condições, incluindo aquecimento permanente. Qualquer pessoa entra, qualquer pessoa sai... Até ser apanhado pelo Pica e pagar uma multa de 60€, paga obrigatoriamente na hora! Até nisto eu concordo, e acho uma medida bastante boa.