Sabem quando têm aquela amizade que julgam ser para sempre?
Eu tive, no secundário. Uma amiga tão alma gémea que até causava maus falares. Uma amiga tão grande e uma amizade tão verdadeira, que uma pessoa até acreditava ser daquelas que duram até a altura dos filhos irem para a escola e as mães irem às compras ou ao café.
E essa mesma, que por desinteresse e/ou escolhas de vida se desvanece?
A nossa desvaneceu. Quando tomei a decisão de ir para Londres, e quando ela me avisou que eu não estava preparada para tal. E depois da desistência, faltou-me coragem para a enfrentar e admitir que tinha razão, não queria carregar mais na ferida que ainda hoje está aberta.
E, depois de bastante, as pessoas decidem retomar uma amizade ao mesmo tempo?
Tudo aconteceu com uma fotografia publicada. Eu vi, gostei e fiquei naquela incerteza do comentar. Falo, não falo... Devo, será que devo? E enquanto escrevia a medo, recebi um olá animado, cheio de saudades de conversar, desabafar e rir comigo.
Apesar aqui do je não ser grande fã do facebook, e muito menos perder horas a cuscar vida alheia, o mesmo proporcionou-me uma coisa muito muito boa ainda hoje!
Há coisa de dois anos, enquanto fazia uma arrumação geral encontrei muitas coisas que os meus pais me deixaram trazer como memória da minha infância. Entre elas, encontrei um livro muito usado naquelas bandas: o livro das amizades. Era uma espécie de caderno onde cada amigo nosso preenchia basicamente todas as informações e gostos pessoais. Servia-me como memória, e voltar a lê-lo serviu-me de alento.
(imagem ilustrativa do livro que vos falo)
Voltando ao tempo cronológico de que falo, encontrei uma daquelas amigas que mais me marcou. Aquela especial que nos acompanha em tudo, mas que no nosso caso, com a mudança de país, acabou por ficar por ali. Trocámos cartas de Portugal para o Luxemburgo durante quase um ano, e só eu me lembro da alegria enorme que era chegar ao correio e ver uma carta dela.
Sabendo que o fb era mundial, decidi pesquisar pelo nome dela na rede e por incrível que seja, encontrei. Mandei-lhe uma mensagem, onde dizia quem era e entre outros, perguntava se se lembrava de mim. Nunca essa mensagem foi respondida... Até hoje!
Ligo o computador como todos os dias, para vir até ao sítio onde ultimamente me tenho sentido melhor e eis que o meu e-mail me anuncia que tive resposta! Fiquei em pulgas e fui a correr ver... E não é que, 12 anos depois, ela se lembra de mim?! Estou com aquela sensação de alegria pura que nem podem imaginar!
Apesar de não te frequentar muito, obrigada Facebook!
Sempre tive uma grande dificuldade em manter amizades. Manter, porque trava-las, é facílimo.
Por vezes, cruzam-se na nossa vida pessoas com características tão semelhantes às nossas que dizemos quase sem dúvidas que será uma amizade longa. Chamar a esta ligação amizade ou mesmo de longa, vai variar das considerações de cada um. Porque em diferentes contextos, diferente medidas, sempre assim será. Infelizmente, sou bastante seletiva naquilo que trago para a minha vida: seja na escolha de roupa no shopping, nas palavras que uso e com quem, nas atitudes e nomeadamente nas pessoas. É por tudo isto que tenho um vasto leque de amizades.
Não acreditem, estou a mentir.
Não pensem com isto que sou um qualquer bicho, que não gosto de me relacionar, conviver e tudo o mais. Simplesmente, a minha seletividade não ajuda neste campo. Porquê? Porque ao contrário da maioria, é para mim muito complicado confundir conhecidos com amigos. Há uma diferença ENORME no meu ponto de vista. Uma opinião que vai gerar sempre conflito. Não sou capaz de chamar amigo a um colega de trabalho. Não sou capaz de chamar amigo a uma pessoa que acabei de conhecer. Muito menos consigo chamar amigo a alguém só porque é amigo de um amigo meu. No caso da família, por exemplo: dou-me super bem com a minha irmã, que é também uma amiga. Será que a ligação de sangue se sobrepõe à amizade? Quero dizer, em primeira instância eu refiro-me a ela como minha irmã, não como minha amiga...
Segundo a Wikipédia, a palavra "amizade" baseia-se numa relação afetiva, geralmente não-romântica, entre duas ou mais pessoas. Guiando-me pela definição, uma parte de mim acha que estou certa quanto a este assunto. Mas... Será que a sociedade em geral, cria ligações afetivas com toda a gente que vê nem que seja uma só vez?
Bom, como disse, poucos dias antes de acabar o ano, vai haver algumas mudanças aqui por este lado. Acontecem já nos próximos dias, e acho que já posso falar no assunto.
Desde pequena que sonho com o estrangeiro. Não sei se é pelo facto de ter nascido e vivido metade da minha vida lá, se pelo que tomei consciência a nível financeiro, se por todas as pequenas ou maiores viagens que fiz até hoje. Foi uma ideia que nunca abandonei. É uma questão que tem muitos prós mas outros tantos contras.
E por isso, estando desde há dois meses semi-empregada decidi optar pela emigração. Acho que estou na melhor idade para tentar. Não perco nada, só posso ganhar. E bom, espero que não se assemelhe em nada o que passei anteriormente quando decidi prosseguir, e abandonar quase ao mesmo tempo os estudos.
O meu pai está por lá, e já me tinha convidado várias vezes a ir. Disse sempre que não, tendo em conta que tinha um trabalho fixo, e que nem estava assim tão mal. Mas cheguei a um ponto em que quero mais. Quero experimentar coisas novas. Aproveitar esta rampa de lançamento. Vou com casa, com trabalho. Tenho tudo!
Esta experiência vai servir para aquilo que servem todas as distâncias e/ou afastamentos: provar se alguns laços são de facto importantes e fortes o suficiente para perdurarem.
Apesar de a maioria se queixar do ano que nos deixa hoje, o meu, não foi nada mau.
Trabalhei numa sapataria, lugar onde adorei trabalhar, até meados de Novembro, quando optei por me demitir de livre vontade, derivado a uma situação meno feliz. Travei amizades, que se mantêm no presente e bem vivas! Arranjei trabalho logo a seguir, no mesmo restaurante onde trabalhara antes. Mantive o contacto com as pessoas fantásticas com quem tive o prazer de privar na minha curta estadia por terras de sua majestade. Conheci o meu Doce, com quem partilho desde então meses de pura felicidade e alegria. A relação com as Marias mantém-se fantástica. O pai, tornou-se mais presente e conseguiu reconquistar o seu lugar. Tive saúde, e pude viver todos os momentos ao máximo, sem ter de contar tostões.
Para 2017, espero mudanças. Mudanças boas, a todos os níveis. Algumas delas, começam já nas próximas semanas, mas ainda não vos vou contar por continuar a ser uma menina supersticiosa!
Desejo a todos os meus leitores, aos que me acompanham desde o início, aos que vieram cá parar por engano, aos que me lêem porque me conhecem no dia-a-dia, um excelente 2017. Que encontrem sempre motivos para sorrir, mesmo quando parece não haver alternativas.