Ando há alguns meses para fazer este post. A ser correta, há meses que ando para fazer uma carrada deles mas entre a preguiça e a falta de tempo, a vida tem-me levado a melhor.
2019 foi um ano bastante longo. Um ano de mudanças, dúvidas mas de tantas certezas ao mesmo tempo. Um ano em que o desemprego entrou numa relação comigo e eu saí da relação que tinha. Foi o ano em que fiz a minha primeira viagem acompanhada além fronteiras. Um ano, em que os estudos me voltaram a fazer olhinhos e que eu me deixei seduzir por eles. Um ano que me trouxe pessoas e situações que me fizeram crescer tanto, em termos intrinsecamente emocionais.
E cresci, oh se cresci. A maior prova disso foi ter sido finalmente capaz de trocar um amor por uma amizade, com tudo o que isso acarretava. Qual é o propósito de uma relação se não caminhamos para o mesmo lado? Qual é o propósito se a base, que devia ser o amor, não está lá há imenso tempo? Chegámos a questionar-nos se alguma vez esteve sequer... E acho que essa, será de todas a pergunta mais difícil e que ficará eternamente por responder.
Estava longe de imaginar tudo o que voltar a estudar me iria trazer. A anos-luz, para ser mais precisa. Trouxe-me pessoas, tão simples que nos acrescentam tanto. Que não precisam de ser de um extrato social superior para nos dar as maiores lições das nossas vidas. Obrigada a ti A., que mesmo sem saberes me amparaste. Me deste luz e esperança e me fizeste ter a coragem suficiente para dar a volta que eu tanto desesperava por dar à minha vida. Obrigada a ti Sr. Razão por me trazeres de volta e obrigada à vida por te ter colocado novamente no meu caminho. Obrigada por me acordares e fazeres ver que afinal estou viva e bem viva. Obrigada por me fazeres acreditar que tenho valor e que não podemos mudar a nossa essência só porque atravessamos uma tempestade. Que mais cedo ou mais tarde, o sol voltará a brilhar. E acredita, ele brilha.
Obrigada, por terem entrado e retornado, respetivamente, à minha vida sem bilhete de volta. E que nunca se arrependam, de não ter comprado a maldita viagem de regresso
Quase sem dar por ela já lá vão dois anos, 731 dias disto.
Desejo antigo que a preguiça nunca me tinha deixado concretizar. A 3 de Março de 2015, um dia em que o sol me entrava pela janela, disse para mim mesma que estava na altura e finalmente, aderi a esta plataforma maravilhosa onde tenho sido tratada com imenso carinho.
Durante todo este período passei por fases bastantes diferentes da minha vida. Algumas traduziram-se em ausências e outras em presença constante. Foram chegando novos utilizadores, criados novos blogues, novos seguidores, novas descobertas e novas alegrias. Houve porém também desistências, blogues que seguia desde os primórdios e que pura e simplesmente desapareceram sem nunca virmos a saber os porquês.
Partilhei convosco a, pensava eu, melhor experiência da minha vida. Mudei-me para Londres, aos 19 anos, para ingressar na universidade num curso que eu pensava amar mais que tudo. Desisti depois de trinta longos dias, marcados pelo choro constante e pelo grande sofrimento interior. Houve palpites e julgamentos de todo o lado, de todo o tipo. De pessoas que eu já esperava e de outras que me apanharam completamente desprevenida. Hoje, é um assunto que parece nunca ter existido. Caí numa espiral auto-destrutiva da qual a minha mãe fez muita força para me tirar. Fui obrigada a sair de casa e a fazer algo de útil para a minha vida. Acabei assim, a entregar currículos e trabalhar na sapataria onde permaneci um ano. As melhores coisas que trouxe desse trabalho foram, para além da experiência, a consciência do que tolero ou não a uma entidade patronal e claro, o meu Doce! Despedi-me e decidi começar 2017 no estrangeiro. Os planos iniciais saíram um pouco furados e cheguei à conclusão que, apesar de existirem muitas coisas boas, não é uma opção de vida compensatória para mim nem para o meu futuro.
Ao longo destes dois anos, o balanço que faço é positivo. Tenho conseguido nestes últimos meses dedicar mais tempo ao meu cantinho, coisa se te tem traduzido em comentários, novos seguidores e visualizações. Durante a existência, fui destacada por duas vezes, nos primeiros meses pelo voluntariado e recentemente pelo desabafo. O post que mais comentários reuniu foi relacionado com a empresa que me 'levou' para Londres e a paixão da minha vida. Atingi recentemente o pico de visitas e visualizações com o segundo destaque. Tenho três rubricas ativas: Aquele momento em que... , Doçuras e Viver na Alemanha. Fazem parte do meu espaço 45 seguidores, um terço dos quais se juntaram nos últimos meses. Não sou uma bloguer de sucesso. Mas estou muito feliz e satisfeita com o resultado atual e com a evolução feita.
Obrigada a todos os que estão desse lado e tornam tudo isto possível: à equipa Sapo, aos leitores diários, aos ocasionais, a todos os que passam por aqui de lés a lés. Quanto a ti, querido blog, espero que continues a existir e a acompanhar todas as pequenas conquistas da vida desta jovem que sonha mais do que aquilo que deve. Desejo que continues a crescer por muitos mais anos!
Há um ano atrás, quando decidi candidatar-me a uma universidade britânica, sabia que, se fosse aceite, muita coisa iria mudar na minha vida. Sair de casa, voltar aos estudos depois de um ano de pausa, conhecer pessoas novas, deixar a minha gente para trás, entre tantas outras coisas que esta mudança implicava. A parte que me moveu, foi a oportunidade de um futuro melhor. Só conseguia pensar que, uma licenciatura tirada no reino unido, ia valer uma fortuna no meu currículo. E provocar muita dor de cotovelo, claro.
Sou supersticiosa. Não tenho qualquer problema em admiti-lo. Já vivi situações que me fizeram acreditar que, quando alguém não gosta de ti ou simplesmente não suporta o teu sucesso, o mau olhado existe e pode vir com muita força. Não é que eu seja especial, não sou. Sou apenas mais uma comum mortal que tenta tirar o melhor partido do que a vida lhe dá.
Vir para Londres, era a melhor prova que poderia ter para ver quem estava comigo e quem não. Ver quem me apoiava genuinamente, sem qualquer contra-partida. E tal como esperava, houve reacções bastante reveladoras.
Há umas semanas, num momento de fraqueza, disse aqui que me sentia triste por perceber que as amizades não eram tão fortes como eu julgava que fossem. Nunca fui uma pessoa com muitos amigos. Os meus conceitos de amizade, amor, família, entre outros, sempre foram muito singulares. Há uma enorme diferença entre colega e amigo, entre dizer adoro-te ou amo-te. Talvez seja por ser tão selectiva, que nunca vivi a vida normal de um adolescente. Nunca tive grandes amores, grandes amizades nem grandes festas para recordar.
Voltando ao ponto inicial deste post, a inveja, é um sentimento que caracteriza a minha jornada. Já ninguém acreditava que eu ia voltar a estudar. Aquilo que ninguém sabe, ninguém pode estragar. Por isso, tranquei este projeto a sete chaves durante o máximo tempo que pude. Até que apanhei o avião, cheguei a Londres, mudei os meus dados no facebook e começou a chuva de perguntas. Confesso, tenho me divertido imenso com os relatos que a minha querida mãe faz quando falamos, todos os dias, de todas as pessoas que perguntam e não perguntam por mim.
Fui surpreendida tanto pela positiva como pela negativa. Duas tias, que falam regularmente para saber como estou. O resto, que nem pergunta pela minha irmã porque sabem que depois parece mal não perguntar pela Nadine. Aquela única amiga, que eu pensava ser amiga e que afinal não o é. Aquele rapaz da festa, que fala comigo diariamente para saber tudo sobre esta aventura e os meus diferentes estados de espírito. Os amigos da mana, que me dizem olá pelo skype e me mandam muitos beijinhos e muita sorte. Aquele colega, com quem não falava há anos e me dá muita força para perseguir este sonho. A mãe, o pai, a irmã e os avós maternos que são os melhores do mundo.
Porque é nas pequenas coisas, que se veem as grandes diferenças.