Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Sweetener

Ser feliz com adoçante!

Sweetener

Ser feliz com adoçante!

07
Dez19

Parar, observar e respirar

Cantou, Angélico Vieira: "É engraçado como a vida nos prega, partidas. Quanto mais fortes pensamos que somos, caímos em armadilhas...". E isto, retrata tão bem a minha vida neste ano.

 

É engraçado, como somos capazes de nos tornar personagens da nossa própria vida. Como conseguimos confundir aquilo que pensamos querer, aquilo que pensamos ser correto, o que achamos que esperam de nós, com aquilo que queremos e precisamos verdadeiramente. 

 

Desde que a minha identidade foi descoberta, há cerca de um ano, que tenho calado muitas coisas que gostaria de ter mencionado aqui. Dúvidas que tive em determinados momentos, medos, angústias... Mas, uma vez mais, pensei que pessoas do meu dia-a-dia ficariam a saber demasiado da minha vida e usar isso contra mim e então, optei por me calar. Optei por manter a fachada. A personagem que criei para mim. Aquela que fazia o esperado, o politicamente correto. A aparência de uma relação feliz. Os pseudo-projetos, planos futuros, desejos de casamento, filhos. A realização pessoal e profissional. O amor-próprio, quando tudo isto é uma grande hipocrisia.

 

Uma grande hipocrisia porque, algures no meio disto, perdi-me. Perdi-me e esqueci-me de quem fui, de quem queria ser. Deixei-me enrolar pela personagem e afoguei-me. Dei-me tanto e recebi tão pouco. Mas fiquei. Porque, vamos ser sinceros... "Eras a única encalhada e fracassada na tua família". Era assim que eu via, pelo menos. Deixei as minhas falhas, os meus erros toldarem o meu discernimento. Deixei que todas as vozes que me avisaram que eu não seria capaz, e como efetivamente não fui, levassem a melhor. Esqueci-me de ler, esqueci-me de procurar. Esqueci-me de querer sempre mais e melhor. Meia fraca, mas houve sempre uma voz em segundo plano. Dizia-me constantemente que "tu mereces mais", mas a vontade de não falhar novamente era tão grande que levei tudo até às últimas consequências. Conformei-me às minhas próprias dúvidas.

 

São agora visíveis os danos. Aqueles, que me provoquei conscientemente. E ter a noção disso está a ser a maior onda de todas. Aquela que quase me levou. Saber que fui eu e só eu que infligi isto a mim própria pelo meu desejo estúpido de agradar a toda a gente. 

 

Finalmente consegui parar. Observar. "Stop and stare. I think I'm moving but I go nowhere...". E eu estava mesmo a ir a lado nenhum. Nenhum positivo, pelo menos. Perdi a minha individualidade, a minha essência. Aquilo que me faz ser quem sou. Respirar. Tão simples, tão necessário, tão colocado em último lugar. Tão bom! Ver o mundo com os mesmos olhos mas agora com mais cor. Apreciar os pequenos prazeres da vida. Trocar a viagem de carro e ir a pé. Sentir o vento a lavar e levar esta personagem de mim. Recuperar-me, recompor-me.

 

Não é um processo fácil e muito menos rápido. É doloroso e nem todos os dias são alegres. Por vezes, a necessidade de carinho, atenção alheia torna-se demasiado alta. Alta ao ponto de criar confusão na nossa mente, questionar tudo: o que foi feito, o que nos trouxe até aqui.

 

Demorei, mas cheguei. "Wake me up when it's all over (...) all this time I was finding myself and I... Didn't know I was lost...". Sei agora que estive. Mas vou deixar de estar. 

 

Que este texto ajude, quem como eu, em algum momento se perdeu:

https://www.fasdapsicanalise.com.br/nao-deixe-de-ser-voce-mesmo-para-ter-um-relacionamento/

 

4 comentários

Comentar post

Venham daí!

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2021
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2020
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2019
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2018
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2017
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2016
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2015
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub