Coisas de senhorio
Praticamente toda a minha vida morei em casas que não eram ‘minhas’. Alugadas, de familiares, o que for. Desde que eu e as minhas Marias nos mudámos para a cidade, há cerca de 5 anos, morámos em apenas duas casas. A primeira, um T2 mínimo, sem ter sequer mobília de cozinha, a última, um T3 bastante razoável, onde já moro há quase quatro anos.
Ao contrário dos primeiros, estes senhorios não são dados a ‘afetos’. Com afetos, refiro-me a proximidade talvez. Em todo este tempo, vi-os apenas duas vezes: quando fizemos a visita ao apartamento e há coisa de uma semana. Uma espécie de visita surpresa. Uau! Que giro! Não. Não gosto nem nunca gostei de visitas surpresas, fossem de quem fossem.
Ora, o senhorio veio informar-nos que vai vender o apartamento. Sim, vai vendê-lo. Começou com a conversa fiada de que não é rentável e blá blá blá. Depois há dois pontos de vista... O mercado de vendas está péssimo, quase ninguém compra e toda a gente sabe disso. E pelo valor completamente absurdo que ele quer pedir por ele, muito menos. Esse lado, deixa-me descansada. Sei que tão depressa não nos vão correr dali. O outro lado, é que eu até gosto daquela casa. Mudar, mudava. Não tenho problema nenhum em mudar, até gosto. O problema é que não encontramos um T3 ao preço que temos agora. Já não há, não existe. Isso sim preocupa-me. Entretanto vieram cá uns senhores das imobiliárias, vasculhar-nos a casa e expô-la, nos respétivos sitíos da internet. Muito fixe!
Eu até compreendo o que o senhor pensa, e que vender, para ele seja uma solução mais viável. Mas e se nos mudarmos? Não será pior ficar com um apartamento vazio, e ter que pagar todas as despesas na mesma? Só isso.