Os dias têm passado, devagar e, aos poucos, sinto-me a melhorar. Hoje foi o último dia da semana de introdução ao curso, e por isso, fomos convidados a fazer um passeio 'fotográfico' por Londres. Para além de todas as vantagens já conhecidas, Londres presenteia-nos com museus que na sua grande maioria, são gratuitos. Com várias exposições fotográficas a decorrer, podemos dizer que fomos a todos! Corremos a cidade de uma ponta à outra.
Os professores, fizeram questão de nos acompanhar em sensivelmente metade do percurso, visto que aos poucos, também temos que nos ir ambientando. Depois de tudo, fiquei bastante mais confortável quanto a viajar de metro. Apesar de achar os preços elevados, é bastante fácil orientar-mo-nos pelos mapas que temos à disposição. Se mesmo assim, tivermos dúvidas, numa grande parte das estações existem funcionários super atenciosos que nos ajudam a encontrar o melhor caminho para o nosso destino.
O meu único problema foi, ter deixado o cartão de memória em casa. Expliquem-me como é que é possível alguém fazer isto?! Tenho tanta vontade de bater na minha pessoa! Acabei por capturar apenas dois ou três cenários com o meu modesto LG L4 II.
Conforme a confiança for regressando, o dinheiro for dando e os pés aguentando, vamos explorar, um pouco a cada dia. Não me posso esquecer que, no final de contas, Londres, vai ser a minha cidade nos próximos três anos.
Hoje, faz uma semana que ando pelas ruas de Londres. Foi hoje também, o meu primeiro dia de aulas, ou melhor, o primeiro dia de introdução ao curso.
Pela manhã, preparei-me e parti, na minha caminhada diária que farei durante as próximas semanas. Depois de chegar, de pedir informações e de me perder, lá dei com a sala onde conheci os meus futuros colegas, tal como eu, aspirantes a fotógrafos. Foi nos feita uma apresentação da equipa, das componentes do curso, e todos os derivados.
Entretanto, a rapariga que estava ao meu lado, decidiu quebrar o gelo. Perguntou-me de onde vinha, ao que eu respondi, Portugal. É então que ela se desata a rir. Até que me responde: Eu também! Fiquei sinceramente feliz, foi das primeiras pessoas que conheci, fala a minha língua e estuda no mesmo curso! Conversámos um pouco mas entretanto fomos divididos em grupos, as nossas futuras turmas e acabei por não calhar na mesma que ela.
Depois de almoço, fizemos uma visita guiada por todas as salas que serão as nossas, desde estúdios fotográficos, de edição, a salas escuras. A universidade está verdadeiramente bem equipada, e nós, podemos ter acesso a tudo! Qualquer material que necessitemos, é só requisitar.
Fazendo um balanço de tudo, achei um pouco demais. Não sei se é porque ainda não me sinto confortável, se porque não tenho nenhuma experiência, se porque nunca mexi num Mac e agora, são os únicos em que vou mexer. Estou assustada, o que num geral, acabará por ser normal. Sou simplesmente eu que não estava habituada a ter este tipo de sentimentos...
Espero sinceramente gostar do curso e adaptar-me rapidamente.
Tenho a consciência que é a melhor oportunidade que algum dia podiria ter.
Nestes últimos dias, em terras de sua majestade, tenho descoberto sentimentos, reacções e estados de espírito completamente novos para mim. Tenho feito um esforço enorme para ver as partes boas da coisa, que, pensando bem, são verdadeiramente muitas.
Estou a viver nas residenciais que pertencem à universidade, num apartamento com 6 quartos e uma cozinha comum. Tenho um quarto, e uma casa-de-banho que não tenho que partilhar com ninguém! Na cozinha, cada uma tem um armário com tranca sabendo assim, que nunca me vão roubar comida. E falando em comida...
Quero a gastronomia portuguesa de volta! Quero os produtos portugueses de volta! Se vos disser que ainda não encontrei nada como salsichas ou mesmo atum? E melhor: estou há meia semana sem beber água, nem leite em condições. E eu sou tão fã destas duas coisas! São, a contar com o meu amado e fiel amigo ice tea, as únicas coisas que eu bebo! Únicas! Preciso desesperadamente de encontrar uma loja que venda leite Mimosa, ou água de Luso!
Só para saberem um bocadinho mais, ontem fui ao IKEA, loja que visitei pela primeiríssima vez em toda a minha vida. E deixem que vos diga: não sei se é pelo facto de a moeda ser diferente, mas achei a maioria dos produtos absurdamente cara! Mesmo assim, lá acabei por trazer umas toalhas e umas coisitas para a cozinha, porque apesar de ter tido direito a 23kg de oferta na TAP, toda a gente sabe que nunca dá para tudo.
Tendo sido este post, todo ele uma mistura de coisas, publicidade incluída, quero só acrescentar que amanhã vou passear para Oxford o dia todo!
Hoje decidi escrever. Sem qualquer post planeado ou tema em concreto para falar. Apeteceu-me simplesmente, e acho que depois de toda a propaganda que fiz em relação a esta minha mudança de vida, devo-vos actualizações. Como sabem, estou em Londres há (quase) três dias. Resumindo por miúdos? Têm sido os dias mais longos e difíceis de toda a minha vida. Porquê? Porque percebi que não me conheço. Ou sendo mais concreta: não me reconheço.
Este último ano foi todo ele uma espera terrível. O nunca mais chegar Setembro, o nunca mais sair do ninho, o nunca mais mudar de vida, nunca mais ir para a universidade... E agora que chegou, só quero voltar para casa. Andei este tempo todo ansiosa pelo que aí vinha, ansiosa por estar a planear fazer uma mudança de 180º na minha vida. Uma mudança valiosa para o meu futuro, um alargamento de culturas, um aperfeiçoamento da língua inglesa, um novo leque de amigos, entre tantas outras coisas. Eu bem vos disse aqui, que me sentia completamente zen. Acho que agora percebi o porquê.
Eu não estava zen coisa nenhuma, estava simplesmente num estado de dormência. Como se estivesse fechada numa bolha, que ninguém conseguia penetrar. A bolha rebentou quando chegou o momento de me despedir da irmã e da mãe. Sim, porque elas insistiram em levar-me ao aeroporto de Lisboa, coisa que aceitei, ainda que contrariada. Achei que só ia aumentar o sofrimento de nos despedirmos à última das horas. Mas foi só e apenas no momento de passar pela segurança, o momento em que ia deixar de as ver, de lhes puder tocar que o mundo me caiu aos pés. Elas, a manterem-se fortes, e eu, a derramar que nem uma criança que perdeu o balão.
Todos os momentos que se seguiram foram um tormento. A viagem de avião, apesar de todo o amor que a TAP me deu (para quem só tinha viajado na Easyjet e na Ryanair, andar na TAP: um sonho) foi um sofrimento. A metade em que não me encontrava a dormir, passei-a a chorar. Incapacidade de controlo emocional. Bastou fechar-se a porta por trás de mim para me mentalizar do que estava a fazer. Sinto-me reduzida a um nada. Sinto-me pequenina. Indefesa. Sozinha. E o que mais me custa, é saber que todas as pessoas que estão a sofrer com a minha ausência se mantêm fortes e me incentivam a ficar, a lutar pelos meus sonhos, pelas minhas ambições.
Não tem nada a ver com a cidade, a língua, as pessoas, nada de nada. Tem a ver comigo. Só comigo. Percebi que não sou capaz. Quem me estiver a ler agora diz: "só aí estás há três dias, como podes fazer já essa avaliação?". Faço-a porque ainda resta um pouco de bom senso na minha mente. Faço-a, porque sei que se não me sinto feliz agora, ficar cá só vai piorar o meu sofrimento.
Esta viagem permitiu-me descobrir/ter a certeza de uma fraqueza minha. Não sou capaz de lidar com a ausência das minhas Marias. E como diria o Pedro Abrunhosa:
Se tivesse que escolher um sentimento para descrever o que sinto, a verdade é que não saberia o que escolher. Estas últimas semanas, desde que acabou o contrato de trabalho e voltei a ficar enfiada em casa sem ocupação, a minha cabeça faz de tudo, pensa em tudo, e na verdade, acho que não pensa em nada!
As malas estão meias feitas, as papeladas estão todas tratadas, a família já foi mais ou menos informada. E eu, continuo neste estado zen como se nada fosse comigo. Porque é mesmo assim que me sinto, num magnifico estado zen. Acho que nem quando chegar a Lisboa, ao aeroporto vou estar mentalizada. Talvez só quando chegar a Heathrow e tiver um grupo de pessoas com camisolas vermelhas à minha espera, isto porque me inscrevi no programa de orientação (dura uma semana, tem como objectivo ajudar os estudantes internacionais a ambientarem-se à cidade, aos serviços básicos e afins).
Acabo por não saber até que ponto me sinto melhor ao pior pelo facto de ir completamente sozinha, por não conhecer ninguém, por ser uma experiência completamente nova. Exactamente por ir sozinha, optei por ficar nas residenciais para evitar todo o trabalho de procurar casa e a possibilidade de não me sair na rifa assim uns housemates muito simpáticos. No primeiro ano, a decisão está tomada, depois, logo se verá.
Faltam três dias. Três dias. É imenso tempo ainda!