Hoje é o meu último dia de trabalho. O penúltimo dia desta minha estadia na Alemanha (voo na madrugada de Domingo). Praticamente a chegar o fim de uma experiência com pouco mais de dois meses. Dois meses que foram tão longos mas ao mesmo tempo tão na medida certa.
Como em todas as experiências na vida, cresci. Um bocadinho como pessoa, bastante como mulher. Aprendi tanto mas ao mesmo tempo aprendi tão pouco... Experimentei sentimentos e sensações que sempre estiveram visíveis e eu recusei durante anos aceitar. Travei conflitos com coisas perfeitamente desnecessárias que estavam escondidas mas que eu quis procurar. Precisei de remexer no passado, lavar toda a roupa suja que tinha a lavar e sair de cabeça erguida.
Lamento a forma como vou, principalmente do trabalho. Custa-me, apesar de pouco tempo, o que fiz ao meu patrão. Aquele homem foi impecável comigo, em todos os sentidos. Deu-me férias quando não tinha direito a elas, esteve sempre disponível a ouvir-me e nunca se impôs a nenhuma das minhas decisões pessoais. Pintaram-me o homem como sendo o diabo, mas nunca eu tal vi. Quem mo pintou também não é santo, e nunca saberá o que é receber elogios pelo trabalho bem feito. (Isto porque ontem foram entregar-me a rescisão do contrato e entre muita conversa foi-me dita uma daquelas verdades incontestáveis que só se dizem quando são 100% verdadeiras porque nada se ganha em mentir. Foi-me dito que nunca aquela escola esteve tão bem limpa como durante os dois meses que eu ali trabalhei. Apesar de não ser o trabalho de sonho de uma rapariga de vinte e um anos, não posso deixar de me sentir orgulhosa e mais uma vez agradecer à maravilhosa mãe que tenho por todas as ferramentas que me deu na vida!)
Hoje é também dia de tratar da burocracia. Cancelar tudo o que respeita a legalização, ver se não deixo pontas soltas para depois o fisco não correr atrás de mim! Amanhã, é dia de fazer as malas e abastecer-me de tudo o que é doce para levar a quem me espera na outra ponta da Europa!
Respirar fundo e deixar a poeira assentar. Recomeçar, naquele que será sempre o meu país
Sempre tive uma grande dificuldade em manter amizades. Manter, porque trava-las, é facílimo.
Por vezes, cruzam-se na nossa vida pessoas com características tão semelhantes às nossas que dizemos quase sem dúvidas que será uma amizade longa. Chamar a esta ligação amizade ou mesmo de longa, vai variar das considerações de cada um. Porque em diferentes contextos, diferente medidas, sempre assim será. Infelizmente, sou bastante seletiva naquilo que trago para a minha vida: seja na escolha de roupa no shopping, nas palavras que uso e com quem, nas atitudes e nomeadamente nas pessoas. É por tudo isto que tenho um vasto leque de amizades.
Não acreditem, estou a mentir.
Não pensem com isto que sou um qualquer bicho, que não gosto de me relacionar, conviver e tudo o mais. Simplesmente, a minha seletividade não ajuda neste campo. Porquê? Porque ao contrário da maioria, é para mim muito complicado confundir conhecidos com amigos. Há uma diferença ENORME no meu ponto de vista. Uma opinião que vai gerar sempre conflito. Não sou capaz de chamar amigo a um colega de trabalho. Não sou capaz de chamar amigo a uma pessoa que acabei de conhecer. Muito menos consigo chamar amigo a alguém só porque é amigo de um amigo meu. No caso da família, por exemplo: dou-me super bem com a minha irmã, que é também uma amiga. Será que a ligação de sangue se sobrepõe à amizade? Quero dizer, em primeira instância eu refiro-me a ela como minha irmã, não como minha amiga...
Segundo a Wikipédia, a palavra "amizade" baseia-se numa relação afetiva, geralmente não-romântica, entre duas ou mais pessoas. Guiando-me pela definição, uma parte de mim acha que estou certa quanto a este assunto. Mas... Será que a sociedade em geral, cria ligações afetivas com toda a gente que vê nem que seja uma só vez?
Diz-se que o que é bom acaba depressa e é bem verdade. Ainda ontem era quarta-feira e hoje já é segunda. O tempo tem uma capacidade incrível de fazer correr as horas quando estamos bem, e prolongar os segundos quando estamos em 'sofrimento'. Talvez seja apenas a nossa perspectiva, querendo eternizar alguns instantes e esquecer outros por completo.
A quarta-feira foi um dia longo, em todos os sentidos. Levantei-me de madrugada para conseguir apanhar todos os transportes necessários ao aeroporto mais próximo e por volta das 9h, estava finalmente a pisar solo nacional, naquele que é agora o melhor destino turístico. Apanhei o primeiro autocarro que tinha e cheguei a Viseu por volta do meio dia. Todo o processo envolto na viagem foi tratado com secretismo total. Enganar as Marias tornou-se complicado a certa altura mas parece que não desconfiaram nem por um segundo o que andava a magicar!
Aquando a compra dos voos, precisei de cartão de crédito para finalizar e sem opções, tive que recorrer à mamã. Como justificar 52€? Ora, é a prenda do Doce. Informei logo que ia chegar atrasada porque encomendei tarde e que ia precisar de alguém em casa para a receber, quarta-feira, entre o meio dia e a uma da tarde. Até aqui tudo bem. O pior foi quando a Maria mais nova quis saber o que era... Só me lembrei de ver um site online e escolher algo ao acaso!
Avisei então a mãe que o Sr. me tinha ligado e que estava à porta e surpresa! Nem sei quem ficou pior, se ela, se eu. Talvez tenha sido ela, porque passou por mim e não me viu. Chegou a hora de almoço e vi a mana. Reação nº 2 - check. A minha prima, a única cúmplice desta 'prenda', fazia anos nesse dia, e tendo um jantar organizado, poupou-me o trabalho de visitar toda a gente guardando um lugar na mesa para um convidado surpresa. Chegou a hora do Doce. O plano era ele ligar-me para eu avisar a minha irmã, que se encontrava no jantar e a mesma, descer para lhe entregar o presente. Mas quem desceu, fui eu! Quando me viu, não quis acreditar. Argumentou ligeiramente mas depois, não foram precisas palavras para mais nada.
Consegui resolver alguns assuntos que tinha pendentes em Portugal, matei as saudades de toda e gente e voltei, não necessariamente feliz, mas com o coração um pouco mais cheio!
Ontem foi um dia especial para uma pessoa que me é muito querida: a minha mãe. e como só se faz anos uma vez por ano, e tal como a celebração o implicava, e o facto de ser feriado também ajudou, fomos passear.
Já há muito que falávamos no assunto e foi ontem então que decidimos ir até Lamego. Depois de quase uma hora de viagem, chegámos. Dizer que estava frio era pouco! Visitámos o Museu de Lamego, que sinceramente me desiludiu um pouco. A grande maioria das pinturas a óleo estava bastante danificada. Notoriamente não levaram a camada protetora suposta para os proteger da erosão do tempo.
Depois de um bom almoço, foi hora do mais esperado: subir as escadas para a Nossa Senhora dos Remédios. E para meu espanto, não custou nada. Ou quase nada. 625 escadas! Subir e descer! É tão estranho não ter custado tanto como pensei. Melhor ainda!
Tendo em conta que tinha que vir trabalhar, saímos de lá por volta das 17h, e ainda bem que o fizemos, caso contrário, não teria chegado a horas. Porquê? Porque nos perdemos, e quando demos por nós, estávamos praticamente na Régua. Isto é que foi andar para norte!
Mas felizmente, correu tudo pelo melhor e conseguir apresentar-me ao serviço a horas! Vamos ver onde o próximo dia juntas nos leva!
Sempre fui uma rapariga organizada. Gosto de ter tudo planeado. Sinto uma necessidade enorme de saber sempre o que vou fazer a seguir, como que, ter o 'controlo' das coisas. Neste momento, não sei o que fazer a seguir. E isso preocupa-me. Muito.
Não me arrependi (ainda) da decisão que tomei. Como digo, a situação está a ter impacto porque eu optei por ir estudar para o estrangeiro, caso contrário, ninguém fazia alarido em relação ao assunto. Eu desisti da universidade, só isso. O resto, foi tudo uma consequência.
Se gosto de Viseu? É claro que gosto! Se quero estar perto da minha família? Claro que quero! Mas estamos no interior, e é tudo tão 'parado'. Não acontece nada, não há oportunidades, não há pessoas novas. Adoro viajar, conhecer novos sítios, ter novas experiências. (In)felizmente, Viseu não me pode dar isso.
E, ou muito me engano ou em breve, Londres será novamente a minha casa.