Sinto que as pessoas aqui são civicamente mais educadas.
Os lugares reservados a pessoas deficientes físicas ou motoras, são para as mesmas. Não há nenhum otário a parar nem a estacionar lá como é tão recorrente ver-se em Portugal. As pessoas, principalmente as crianças, e aí é que entra todo o meu espanto e admiração: se chegar alguém carregado ou uma pessoa idosa, os mesmo são os primeiros a levantar-se e a ceder o lugar que ocupavam até então, nem que para isso tenham que ir em pé uma carrada de tempo! Sabem a frequência com que via isto acontecer em Viseu? Se pensar bem, talvez 1/1000. Há toda uma cordialidade entre os meios de transporte fascinante, uma boa organização no trânsito, nada de protestos, muito menos buzinadelas! São todos muito mais relaxados e felizes!
São situações que tenho presenciado e me têm agradado bastante, principalmente por ver que a geração que se segue, ainda tem qualquer coisa de útil naquela cabeça. Ainda há pais que sabem dar os valores base aos seus filhos. E eu que já quase nem tinha esperança de voltar a dizer isto!
Há três semanas que estou deste lado da Europa e alheiamente ao que me faz falta, não me parece de todo um mau país para se viver. Posto isto, hoje venho falar-vos da legalização, porque hoje, foi o dia em que fiquei oficialmente legalizada cá, apta para tudo.
Deixem que vos diga: acho que é tudo muito fácil, rápido e acessível.
Há ainda toda uma papelada em falta. Papelada essa que na prática me torna turista e não residente, o que não me permite legalmente trabalhar. Para além do contrato (que achava eu ser o mais importante) é preciso uma data de outras coisas: um seguro de saúde obrigatório, uma folha que prova que tenho residência cá, um papel para me coletar nas finanças e começar a fazer descontos, uma conta bancária, e por enquanto, penso que seja tudo.
O papel da residência, é o documento mais importante de todos e sem o qual, não se faz nada do resto! O meu pai fazendo o correto, informou a senhoria que eu estava cá, pois só ela pode passar a autorização para me registar. Teria sido tudo muito mais rápido não tivessem eles tido uns problemas com ela tempos atrás... Mas hoje, finalmente a mulher apareceu com o malfadado papel! Agora era correr para abrir conta, para dar os dados à entidade patronal, porque o patrão já me avisara vezes sem conta precisar do IBAN porque as horas estão a ser lançadas e eu não tenho conta para onde me possam transferir o dinheiro. Fui assim ao primeiro banco que me apareceu e qual não é o meu espanto quando dizem que têm que agendar uma reunião porque estas coisas não se fazem na hora. Ora bolas, é sexta feira, amanhã é fim-de-semana, mais uns dias sem tratar, o chefe mata-me! E pior: só dava para a próxima sexta feira! Uma semana de espera para abrir o raio de uma conta! Lá pedinchei e consegui um espacinho na segunda feira pela manhã, onde espero ver finalmente todas as etapas do processo concluídas!
É um tema que sempre me suscitou interesse, porque me considero uma pessoa amiga do ambiente. Sempre fui instruída, tanto em casa como na escola, a fazer a reciclagem e é um hábito que se tornou tão parte da rotina que já nem custa nada!
Aqui, salvo exceção à regra, as pessoas fazem a reciclagem. Cada prédio tem o seu local para pôr o lixo, um espaço que é aberto com uma chave que é entregue aquando o aluguer de uma casa. Nesse espaço há os contentores para o lixo geral, para papel, vidro, plástico, pilhas. tudo o que pode haver. É como se, cada prédio, tivesse o seu próprio "centro de lixo". No entanto, paga-se uma taxa obrigatória chamada Nebenkosten - custos adicionais. São custos nomeadamente para a recolha do lixo, limpeza do prédio, praticamente como se fossem as despesas do condomínio.
Todas as garrafas de plástico e latas (pelo menos) têm um símbolo que significa retorno. Cada uma dessas, vale 0,25€ se for entregue nos respetivos locais. São emitidos vales, vales esses, que podem ser descontados nas compras e/ou o excedente é nos devolvido em dinheiro. Achei uma ideia fantástica, e que incentiva as pessoas uma vez mais a reciclar!
Ontem, pela primeira vez incluí nas minhas compras uma garrafa de sumo. Tinha levado dinheiro à ração e na caixa reparei que paguei qualquer coisa chamada Pfand, num valor correspondente a 0,25€. Fiquei intrigada, mas como não consegui traduzir no imediato, nada disse.
Quando cheguei a casa, e questionei o meu pai, ele diz me que é a tara das coisas de plástico que compras e se as devolveres, recebes o dinheiro de volta. Ah, agora já faz sentido! Realmente não percebia porque davam dinheiro só por as pessoas reciclarem! O meu pai só se ria, porque eu ter acreditado que só recebias, como que um agradecimento pelas tuas boas ações! Afinal recebes porque já o pagas-te! Mesmo assim, acho uma boa iniciativa que lá está, obriga as pessoas a reciclar e é se querem o dinheiro de volta. Agora é tudo muito mais claro!
Vim, como já sabem com promessa de trabalho e casa e foi verdade que ambas as coisas aconteceram. Cheguei no dia 11 deste mês, praticamente dia 12 já, e nesse mesmo dia, durante a tarde já fui trabalhar. Foi me dado um contrato para assinar no imediato, por um periodo de seis meses. A fazer o quê? Serviço de limpeza, numa escola, a cerca de uma hora de distância de onde moro, em transportes. A empresa em questão só trabalha nessa localidade, tendo cerca de 1200 funcionários num total (se minto, mentiram-me a mim). Há pessoas com duas horas de trabalho, outras com quatro, seis e por aí fora. A mim, calharam-me na rifa quatro horas, o que é fenomenal sendo que a maioria quando entra começa com duas ou pouco mais. Trabalho sozinha, o que num aspeto, é melhor. Sei que toda e qualquer reclamação é só e apenas dirigida a mim.
Apesar de nunca me ter imaginado neste ramo, digo sinceramente que nem está a ser mau. Talvez o diga por o trabalho num todo, ser um trabalho 'limpo': chão, paredes, mesas e pouco mais. Depois de duas semanas e meia, o balanço é positivo. Não sei ainda quanto vou oferir de salário, nem da maioria dos valores a este contrato correspondentes, mas a meados do próximo mês (sim, aqui recebe-se entre dia 13-15) penso que pelo recibo tirarei a limpo todas a minhas dúvidas
Hoje venho falar-vos de uma das coisas que mais estou a gostar por cá, que são os transportes. Consegue-se ir a todo o lado, a qualquer hora. O leque oferecido é enorme e o tempo de espera também é excepcional: a cada dez minutos passa um dos muitos meios: eléctrico, comboio, autocarro, horário que passa a ser de hora em hora durante a madrugada.
Todas as paragens estão muito bem assinaladas e penso que qualquer estrangeiro conseguiria guiar-se por lá. Para ajudar ainda mais, cada paragem tem um placard semelhante a este, onde se pode ver as linhas que por ali passam e os respetivos horários.
No local onde estou a morar, sou obrigada a apanhar o eléctrico até à cidade. Eléctrico esse que, para minha infelicidade, passa mesmo à porta! São cerca de cinco minutos até chegar à Haupbanhof (aprendi entretanto que cada cidade tem uma. Traduzindo à letra, significa estação principal). Aí, há de tudo. Para todo o lado. No caso do meu trabalho, que fica localizado numa outra cidade, do lado oposto do rio, apanho um autocarro e lá estou. Demoro ao todo cerca de 45 minutos a chegar, e outro tanto a voltar.
Os preços parecem me um tanto ou quanto exagerados. Quem compra passe mensal toma a melhor decisão. Há também passes semanais, diários ou por viagem. Neste caso: por viagem, paga-se 2,80€. Passe diário, são 6,70€. O semanal anda à volta dos 22€, e o mensal, são a módica quantia de 63,80€. Acabei por comprar o mensal que, visto bem as coisas e comparando com os outros preços, fica bem barato.
São transportes com condições, incluindo aquecimento permanente. Qualquer pessoa entra, qualquer pessoa sai... Até ser apanhado pelo Pica e pagar uma multa de 60€, paga obrigatoriamente na hora! Até nisto eu concordo, e acho uma medida bastante boa.