Passou bem devagarinho, mas a verdade é que já fui operada faz hoje mês e meio. Tenho que admitir que me sinto muito bem. Tanto no tratamento hospitalar, como na recuperação, como no aparente resultado final como nas perspetivas do que está ainda para vir.
Esta operação era algo que eu já esperava há mais tempo do que me lembro alguma vez esperar por alguma coisa. Três anos... Foi mesmo muito tempo. E toda esta espera poderia ter sido evitada se o primeiro cirurgião que me teve nas mãos tivesse feito o trabalho em condições.
No entanto, sempre me disseram que toda a espera traz recompensa e parece mesmo que sim. Fui parar ao privado, tratada que nem princesa e muito bem acompanhada desde a alta hospitalar. Para quem já conhece, provavelmente não terá sido nada de mais mas para mim, virem com uma lista e perguntarem o que queria para as refeições, foi algo do outro mundo. Enfermeiras que pareciam amigas, tão atenciosas que até era de estranhar. O médico, oh, o médico... Cinco estrelas! Prático, sem papas na língua e bons resultados. Que mais pode um paciente querer?!
Um grande obrigada ao Dr. Cruz Ferreira, não podia ter pedido melhor!
Depois há também a componente psicológica e é nessa, que noto mais diferenças. Sinto-me revigorada e feliz. Feliz, por conseguir finalmente olhar para o peito e não sentir desgosto. Tenho duas valentes cicatrizes, é verdade. mas tenho também uma alma e uma confiança novas. Claro que muita gente à minha volta sabe que fui submetida a tal, mas quem não, também não saberá porque felizmente qualquer bikini tapa a coisa. Sinto, e espero, que com o tempo, tenha mais vontade para cuidar de mim. Parece desculpa, eu sei, mas senti que até agora não tinha o incentivo certo para me preocupar em perder aqueles seis quilos que estão a mais.
Se houve coisa que mudou radicalmente foi o meu poiso... Há todo esse tempo que durmo no sofá porque a cama, não é suficientemente boa para mim. O sofá tornou-se o meu melhor amigo porque nele, posso dormir ligeiramente de lado. Sempre foi um terror para mim dormir de papo para o ar e a cama... Não me dava alternativa. Claro que com o tempo, já tenho sentido aquelas dores próprias do sofá mas pode ser que em breve volte para onde é suposto.
A cicatriz está ainda muito vermelha mas pelo menos nota-se que já está fechadinha. As crostas foram saindo e agora é altura do creme hidratante fazer o seu trabalho. O pior mesmo é a comichão. Ai a comichão! É horrível e custa tanto não me poder coçar! Mas é bom sinal, significa que a pele nova se está a formar e que tudo está a correr bem.
Estou muito animada com os resultados e em breve, voltará tudo ao normal!
Acabada de chegar a casa e ligar o rádio como num outro dia qualquer. Ouvir uma ou duas músicas e ver a emissão ser interrompida por uma notícia de última hora: vocalista dos Linkin Park encontrado morto. Ah? Será que ouvi bem? O Chester? Não pode ser... 'Corri' para o computador para contestar o que acabara de ouvir, mas não consegui... Bastou escrever o nome da banda e o Google bombardeou-me com a notícia vinda dos diferente meios e sites. O Chester? Não pode ser... Entro em estado de choque. Foi isso que aconteceu neste serão.
Não tenho grandes ídolos nos meios artísticos. Gosto de música de uma forma muito aleatória, tal como de filmes, séries, de atrizes ou atores. Mas se tiver que enumerar algumas bandas que me aquecem a alma, os Linkin Park serão com certeza, sem dúvida alguma, uma delas.
Ou eram... O Chester faleceu? Parece que continuo sem acreditar...
Os Linkin Park entraram na minha vida mais ou menos através de um namorado de adolescência. Soube mais tarde que já era fã da banda ainda antes de saber que ele gostava dela. Sempre fui daquele tipo de pessoa que ouve e se gosta, ouve outra vez. Mas nunca, nunca se dava ao trabalho de ver o nome da música ou mesmo da banda. Tantas vezes falei que gostaria de rumar a Lisboa para os ver no Rock in Rio. Nunca aconteceu. E agora... Nunca acontecerá.
Sei que muitas estrelas já partiram deste mundo, mais novas, de formas mais trágicas e talvez, até mais promissoras... Mas o Chester... Custou me muito saber e assimilar a coisa... E como não sei bem que mais possa dizer, hoje pelo menos sabes que ... The sun will set for you...
É verdade, não gosto! Sempre fui mais moça de frio, chuva e todos os primos meteorológicos. Ou se calhar, o que não gosto é do nosso verão, que é queeennte que dói! Um ho-rror!
Mas sabem o que tem acontecido, sabem o que tenho sentido?
Saudades! Saudades de me estatelar ao sol sem preocupações e tantas mas tantas saudades de dar um mergulho numa piscina. É que não fazem ideia! Dava tudo por um mergulho nestes dias!
Já é a segunda vez que sou operada, e é sempre no verão! Mas da primeira vez, foi no último de Agosto! Agora foi em Junho e são três longos meses de sofrimento! Mais um verão à vida, iupy!
(Prova provada que só sentimos falta das coisas quando não as temos, porque repito: eu não gosto do verão!)
Pensei imensas vezes se algum dia devia falar sobre o assunto... Não por ser segredo, mas porque em certo modo achei que era um assunto demasiado privado para partilhar. Mas cheguei à conclusão que este espaço é o meu diário virtual e por isso, não faz mal nenhum falar sobre uma experiência que marcou muito a minha vida. Sendo um assunto algo complexo, optei por não colocar vídeos ou imagens demonstrativas porque até a mim me assusta saber que fui submetida a uma coisa dessas mas sintam-se livres de pesquisar caso queiram saber mais sobre o assunto.
Entrei na puberdade mais tarde que a maioria das raparigas (por volta dos 16 anos). Em pouco mais de meio ano fui presenteada com um peito grande e muito desigual. Tinha um peito dito normal e outro praticamente em dobro, uma assimetria a ponto de me prejudicar a coluna e me causar muito mal estar. À medida que os meses passavam as dores pioravam e, depois de muito andar, e falar com o meu médico de família, consegui ser operada aos 18 anos.
A operação propriamente dita correu bem, tal como o pós-operatório. Nada infeccionou nem me deu problemas de maior. A questão foi, que fui operada por um péssimo cirurgião. Cirurgião esse, que não cumpriu o que me disse. Horas antes, fora me prometida uma redução em ambos os seios, coisa que iria fazer a minha coluna ficar bem, o meu peito ficar mais pequeno e a minha auto-estima voltar para cima. Acabou por não acontecer... Na realidade, foi me reduzido um peito, e o outro... O outro foi só deformado... O Sr. Cirurgião achou por bem operar apenas o peito maior, fazendo no outro, como toque final, apenas uma correção ao mamilo. Medicamente falando, fiz uma mamoplastia de redução num e uma mamoplastia periareolar no outro.
O resultado final, esteticamente, foi horrível. Já para não falar que me submeti a uma cirugia em que a assimetria seria corrigida mas, criaram me foi outra. Sim, a que antes era maior, depois ficou mais pequena que o par. O melhor, foi quando questionei o médico e a resposta dada:
"Minha querida, nem o criador as fez perfeitas. Achas que eu te fazia milagres?"
A vontade de processar aquele homem foi tanta! Depois de me ter feito a merda que fez, ainda tem o descaramento de me dizer aquilo?! Mas acalmei-me, recebi a minha alta hospitalar e voltei à minha vida. Três longos meses de recuperação e só depois, voltei à sociedade.
Se já se situaram no tempo cronológico, já perceberam que mais mês menos mês, fui para Londres. A coisa ficou de parte, quase esquecida e segui o meu caminho. Mas, quis o destino que eu voltasse rápido e com o regresso, foi também altura de me colocar em lista de espera outra vez. Foi quando soube que em Viseu, já só faziam cirurgias a pessoas com cancro da mama e fui reencaminhada para os HUC, em Coimbra, onde estive dois anos à espera. É então que recebo um vale de cirurgia, em Dezembro passado, poucos dias antes de embarcar para a Alemanha. Informei-me bem sobre o assunto e percebi que poderia recusar sem sair prejudicada. Assim foi, mantive os planos e acabei por, mais uma vez, ir e vir num piscar de olhos. O segundo vale não tardou a chegar e já em Portugal, decidi que era desta que se ia resolver o assunto de vez!
O vale de cirurgia, para quem não sabe, consiste em ter direito à operação a custo zero numa instituição privada. Pensei logo em pedir transferência para Viseu, já que a CUF tinha aberto há poucos meses e a especialidade em causa existia lá. Mas não pedi, porque o cirurgião mestre, é o desgraçado que me operou da primeira vez. Nem pensar que voltava a pôr-me naquelas mãos!
A comunicação paciente-hospital começou e em pouco mais de um mês fui à consulta e a cirurgia foi agendada. Assim, faz hoje um mês que fui operada em Coimbra, numa clínica particular. E parece que desta vez, ficou tudo certo. Fui tratada como uma verdadeira princesa, em todos os sentidos (coisa que provavelmente desenvolverei num outro post). Estou muito satisfeita com tudo: o aspeto da cicatriz, o pós-operatório, e todos os curativos até aqui feitos.
A recuperação exige grande dependência e pouco mais faço que levantar e deitar-me no sofá a ver televisão. Sinto assim que ao contar o que está a acontecer, justifico a minha ausência. Espero aos poucos recuperar a mobilidade e autonomia, retomando assim, o ciclo normal da vida