Há um ano atrás, quando decidi candidatar-me a uma universidade britânica, sabia que, se fosse aceite, muita coisa iria mudar na minha vida. Sair de casa, voltar aos estudos depois de um ano de pausa, conhecer pessoas novas, deixar a minha gente para trás, entre tantas outras coisas que esta mudança implicava. A parte que me moveu, foi a oportunidade de um futuro melhor. Só conseguia pensar que, uma licenciatura tirada no reino unido, ia valer uma fortuna no meu currículo. E provocar muita dor de cotovelo, claro.
Sou supersticiosa. Não tenho qualquer problema em admiti-lo. Já vivi situações que me fizeram acreditar que, quando alguém não gosta de ti ou simplesmente não suporta o teu sucesso, o mau olhado existe e pode vir com muita força. Não é que eu seja especial, não sou. Sou apenas mais uma comum mortal que tenta tirar o melhor partido do que a vida lhe dá.
Vir para Londres, era a melhor prova que poderia ter para ver quem estava comigo e quem não. Ver quem me apoiava genuinamente, sem qualquer contra-partida. E tal como esperava, houve reacções bastante reveladoras.
Há umas semanas, num momento de fraqueza, disse aqui que me sentia triste por perceber que as amizades não eram tão fortes como eu julgava que fossem. Nunca fui uma pessoa com muitos amigos. Os meus conceitos de amizade, amor, família, entre outros, sempre foram muito singulares. Há uma enorme diferença entre colega e amigo, entre dizer adoro-te ou amo-te. Talvez seja por ser tão selectiva, que nunca vivi a vida normal de um adolescente. Nunca tive grandes amores, grandes amizades nem grandes festas para recordar.
Voltando ao ponto inicial deste post, a inveja, é um sentimento que caracteriza a minha jornada. Já ninguém acreditava que eu ia voltar a estudar. Aquilo que ninguém sabe, ninguém pode estragar. Por isso, tranquei este projeto a sete chaves durante o máximo tempo que pude. Até que apanhei o avião, cheguei a Londres, mudei os meus dados no facebook e começou a chuva de perguntas. Confesso, tenho me divertido imenso com os relatos que a minha querida mãe faz quando falamos, todos os dias, de todas as pessoas que perguntam e não perguntam por mim.
Fui surpreendida tanto pela positiva como pela negativa. Duas tias, que falam regularmente para saber como estou. O resto, que nem pergunta pela minha irmã porque sabem que depois parece mal não perguntar pela Nadine. Aquela única amiga, que eu pensava ser amiga e que afinal não o é. Aquele rapaz da festa, que fala comigo diariamente para saber tudo sobre esta aventura e os meus diferentes estados de espírito. Os amigos da mana, que me dizem olá pelo skype e me mandam muitos beijinhos e muita sorte. Aquele colega, com quem não falava há anos e me dá muita força para perseguir este sonho. A mãe, o pai, a irmã e os avós maternos que são os melhores do mundo.
Porque é nas pequenas coisas, que se veem as grandes diferenças.
Os dias têm passado, devagar e, aos poucos, sinto-me a melhorar. Hoje foi o último dia da semana de introdução ao curso, e por isso, fomos convidados a fazer um passeio 'fotográfico' por Londres. Para além de todas as vantagens já conhecidas, Londres presenteia-nos com museus que na sua grande maioria, são gratuitos. Com várias exposições fotográficas a decorrer, podemos dizer que fomos a todos! Corremos a cidade de uma ponta à outra.
Os professores, fizeram questão de nos acompanhar em sensivelmente metade do percurso, visto que aos poucos, também temos que nos ir ambientando. Depois de tudo, fiquei bastante mais confortável quanto a viajar de metro. Apesar de achar os preços elevados, é bastante fácil orientar-mo-nos pelos mapas que temos à disposição. Se mesmo assim, tivermos dúvidas, numa grande parte das estações existem funcionários super atenciosos que nos ajudam a encontrar o melhor caminho para o nosso destino.
O meu único problema foi, ter deixado o cartão de memória em casa. Expliquem-me como é que é possível alguém fazer isto?! Tenho tanta vontade de bater na minha pessoa! Acabei por capturar apenas dois ou três cenários com o meu modesto LG L4 II.
Conforme a confiança for regressando, o dinheiro for dando e os pés aguentando, vamos explorar, um pouco a cada dia. Não me posso esquecer que, no final de contas, Londres, vai ser a minha cidade nos próximos três anos.