Praticamente toda a minha vida morei em casas que não eram ‘minhas’. Alugadas, de familiares, o que for. Desde que eu e as minhas Marias nos mudámos para a cidade, há cerca de 5 anos, morámos em apenas duas casas. A primeira, um T2 mínimo, sem ter sequer mobília de cozinha, a última, um T3 bastante razoável, onde já moro há quase quatro anos.
Ao contrário dos primeiros, estes senhorios não são dados a ‘afetos’. Com afetos, refiro-me a proximidade talvez. Em todo este tempo, vi-os apenas duas vezes: quando fizemos a visita ao apartamento e há coisa de uma semana. Uma espécie de visita surpresa. Uau! Que giro! Não. Não gosto nem nunca gostei de visitas surpresas, fossem de quem fossem.
Ora, o senhorio veio informar-nos que vai vender o apartamento. Sim, vai vendê-lo. Começou com a conversa fiada de que não é rentável e blá blá blá. Depois há dois pontos de vista... O mercado de vendas está péssimo, quase ninguém compra e toda a gente sabe disso. E pelo valor completamente absurdo que ele quer pedir por ele, muito menos. Esse lado, deixa-me descansada. Sei que tão depressa não nos vão correr dali. O outro lado, é que eu até gosto daquela casa. Mudar, mudava. Não tenho problema nenhum em mudar, até gosto. O problema é que não encontramos um T3 ao preço que temos agora. Já não há, não existe. Isso sim preocupa-me. Entretanto vieram cá uns senhores das imobiliárias, vasculhar-nos a casa e expô-la, nos respétivos sitíos da internet. Muito fixe!
Eu até compreendo o que o senhor pensa, e que vender, para ele seja uma solução mais viável. Mas e se nos mudarmos? Não será pior ficar com um apartamento vazio, e ter que pagar todas as despesas na mesma? Só isso.
Enquanto me actualizava em notícias, facebooks e afins, encontrei algo que me chamou a atenção: uma petição, que alguma alma abençoada criou para que o nosso PR não aceite o governo de António Costa. Está claro que já assinei, e partilhei o assunto para chegar ao maior número de pessoas possível. Aparentemente, já vai nas quarenta mil assinaturas!
Não, não faço vinte e quatro anos. Na verdade, são só vinte. Os outros quatro pertencem ao amor mais fiel que eu tenho: o meu bebé. Há quatro anos atrás, há pouco mais de duas horas, a minha mãe decidiu fazer-me feliz. Vejo-a trazer uma caixa enorme de cartão, a minha irmã com um saco onde transparecia um comedouro. Dois mais dois são quatro e a caixa só podia ter o meu maior sonho: um gato.
Nunca na minha vida chorei tanto, de alegria. Parecia uma louca, totalmente descontrolada. Acho que foi, provavelmente, o melhor dia da minha vida. Quatro anos depois, ele cá está. Adulto, uma peste como sempre e o gato mais mimado do mundo. O meu gato.
Foi um dia como qualquer outro, em que tive o mimo de estar de folga e aproveitar cada segundo na companhia da minha outra grande preciosidade, a mamã. Amanhã voltamos ao trabalho, e pronto, é isto. Vinte anos. Tenho vinte anos. Tão verdade quando diziam que a partir dos dezoito era a correr, um instante...
Desde que comecei a trabalhar na sapataria quase que deixei de ter vida própria. Não tenho tempo para nada de nada. Como sou nova, ando a saltar de loja em loja, a aprender o pouco de tudo, em contra-relógio. Entro às 10h e saio às 20h, não fosse ter que sair hora e meia antes e chegar hora e meia depois derivado às diferentes localizações das lojas da empresa. Praticamente não paro em casa.
E depois, claro. O pouco tempo que tenho é para resolver assuntos do dia-a-dia e aproveitar com a família, e o blog, infelizmente, tem ficado de lado. Não tenho conseguido conciliar tudo e estou triste por isso, sinto muita falta deste canto no mundo virtual, onde sou só eu e tantos outros eus.
Aos poucos, estou a recuperar. Ainda sinto a melancolia que sentia em Londres, estou mais agarrada à minha mãe mais do que nunca e acho que já não tenho razões para tal. Primeiro, era porque estava longe. Depois, foi porque passava os dias em casa sem fazer nenhum. Agora, tenho trabalho e não me sinto assim tãããooo melhor. Vamos ver o que vem a seguir, e onde é que este deprimente estado de espírito vai parar.
Hoje estou de folga, e vou visitar os meus queridos avós que não vejo há demasiado tempo, como habitualmente via. Já tenho saudades das pequenas coisas, que como tudo, num todo, são sempre o mais valioso. Bom Domingo! :)